Património Cultural: Prevenção, Resposta e Recuperação de Desastres
Discutir políticas de prevenção para proteger os bens culturais em situações de emergência é o que pretende a Conferência Internacional “Património Cultural: Prevenção, Resposta e Recuperação de Desastres”, que se realiza nos dias 3 e 4 de novembro, na Fundação Calouste Gulbenkian. Vários especialistas estarão reunidos neste encontro para abordar temas como a análise e gestão de riscos, o efeito da catástrofe a médio e longo prazo nas instituições, olhando para casos paradigmáticos que fazem parte da história da conservação.
No ano em que se evoca a memória do cinquentenário da catastrófica inundação de Florença, a 4 de novembro de 1966, revisitam-se conceitos, princípios de atuação e boas práticas de prevenção e resposta a situações de emergência.
Portugal tem tido a sua quota-parte de «catástrofes patrimoniais»: os grandes sismos de Lisboa e Angra, os incêndios dos Palácios de Queluz e Ajuda, da Igreja de S. Domingos ou do Teatro Nacional D. Maria, tal como as inundações de 1967 que tantos danos causaram às coleções do Museu Gulbenkian no Palácio dos Marqueses de Pombal, em Oeiras (uns meses depois das inundações de Florença), são alguns exemplos de uma longa lista.
Durante a conferência, será exibido o documentário “Renascer das águas. A Coleção Calouste Gulbenkian de Livros Manuscritos Ocidentais e as inundações de 1967” (vídeo abaixo), com realização de Márcia Lessa, em colaboração com o Museu Calouste Gulbenkian – Coleção do Fundador.
É fundamental que as instituições responsáveis por monumentos e coleções patrimoniais implementem e reforcem políticas de prevenção, assentes na avaliação e gestão de riscos, na sensibilização e formação dos seus profissionais.
Sob a égide da Nações Unidas, no final de 2015, representantes de 195 países discutiram, na Conferência do Clima em Paris, o impacto das alterações climáticas sobre as sociedades, as pessoas e os seus bens. Chuvas torrenciais, tempestades inesperadas e violentas, derrocadas, ondas de calor e picos de poluição atingem, atualmente, uma frequência preocupante. Por outro lado, nos últimos anos, assistimos ao recrudescimento de incidentes (sismos, guerras, atentados, inundações, incêndios) que provocaram danos irrecuperáveis e a destruição de bens culturais, testemunhos fundamentais de história, de memória e de identidade.
Organizada em parceria pela Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu Nacional dos Coches, a Fundação Oriente e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, com o apoio do ICCROM (International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property) e da Comissão Nacional da Unesco, esta conferência pretende assim suscitar a reflexão e a partilha de experiências. E, também, fomentar uma cooperação mais estreita entre as instituições que gerem bens culturais, institutos de investigação científica e serviços de proteção civil para conseguir uma gestão mais eficaz em situações de crise, de forma a controlar e minimizar perdas e danos.