Uma aposta em cientistas-gestores
Vieram de Angola, Cabo Verde e Moçambique até Lisboa para participar no curso de Gestão de Ciência. Ao longo de uma semana, os 14 investigadores assistiram a sessões teóricas, ministradas por João Caraça, Tiago Santos Pereira, Sandro Mendonça, Núria Casamitjana e Eusébio Macete, e visitaram o Instituto Gulbenkian de Ciência e o Instituto de Medicina Molecular, nos quais ficaram a conhecer a orgânica, o modo de funcionamento e de que forma são geridos os projetos dentro de cada um destes centros de investigação.
Nascido de uma sugestão de Eusébio Macete, diretor do Centro de Investigação em Saúde de Manhiça, Moçambique, o curso teve como objetivos principais a promoção do conhecimento em liderança e gestão em ciência nas instituições de investigação na área da saúde. Foi abordada a importância de acompanhar as últimas tendências da investigação em saúde global e a necessidade de planeamento estratégico – nomeadamente no que toca às dinâmicas de financiamento de projetos – como forma de impulsionar o sector.
Mas não só. “É muito importante mostrar-se o que se faz para atingir os objetivos.” Foi no decorrer do curso que Jocelyne Vasconcelos, diretora-adjunta científica do Instituto Nacional de Saúde Pública de Angola, se apercebeu da importância da comunicação e da imagem para a candidatura a financiamentos.
Eusébio Macete, mentor da iniciativa, explica: “Era preciso apoiar a comunidade científica regional africana e esta é uma das áreas de maior necessidade e em que muitos querem fazer formação – formação que não existe. Os gestores que vêm da área da gestão não têm uma formação harmonizada com a ciência.”
No seu entender, é necessário dar aos financiadores (que, em África, são sobretudo da comunidade internacional) confiança na utilização dos recursos.
A segunda fase do curso em Gestão de Ciência – promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com a Fundação La Caixa – está marcada para setembro, em Barcelona.