Mobilidade de artistas dos PALOP
É considerado pela crítica como um dos mais proeminentes artistas a trabalhar em Angola. Desde a pintura, instalação, vídeo, escultura, fotografia e performance, Januário Jano é um artista multidisciplinar formado em Design studies pela London Metropolitan University. Vive entre Londres e Luanda e expõe os seus trabalhos um pouco por todo o mundo, de Nova Iorque a Milão, de Paris à Cidade do Cabo, Douala, nos Camarões a Lagos, na Nigéria.
Januário Jano foi um dos artistas do programa de residências “180º artistas ao sul”, do Hangar – Centro de investigação artística de Lisboa, financiado pelo Programa Gulbenkian Parcerias para o Desenvolvimento. Este programa de residências tem o seu enfoque no contexto artístico e cultural de Lisboa e é destinado ao intercâmbio de artistas oriundos de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé, contribuindo para o desenvolvimento das carreiras e internacionalização dos artistas participantes, fortalecendo o trabalho em rede, a produção experimental de novos trabalhos e a troca cultural em relação com o contexto africano e português. “Decidi fazer a residência para expandir a minha prática artística através da pesquisa e análise de contextos culturais, sociais e históricos. O meu interesse foca-se no estudo qualitativo e aprofundado dos cânones estéticos e culturais, desenvolvendo uma ampla compreensão do meu papel como artista e do meu contributo sociocultural.”
Januário Jano, que foi premiado em 2016 no Art Laguna Prize, em Veneza, na categoria Business for Art considera que a mobilidade contribui de forma relevante para o seu desenvolvimento enquanto artista, já que “o intercâmbio e o contacto com outras culturas e meios geográficos serve para descobrir e aprender, o que me permitiu enriquecer o meu vocabulário cultural e artístico.”
Nestas residências, e no programa 180º artistas ao sul especificamente, há uma importante componente de intervenções artísticas orientadas para a comunidade local e uma programação (artists talks, seminários, performances, concertos, masterclass, workshops de formação), pensada para captar públicos diversos, procurando estabelecer um diálogo criativo entre estes e os artistas. Januário Jano participou na última edição e considera que o apoio que recebeu foi ”fundamental” para a realização de parte de um projeto que pretendia fazer em Portugal e “deu-me alguma bagagem para a minha pesquisa e produção artística“.
“Durante esse período, tive a oportunidade de continuar a desenvolver a série “Mponda”. Esta série faz referência às minhas origens, e em especial aos povos “Ambundu” (originalmente da região à volta de Luanda). Trata-se de um processo de reflexão, que tem como objetivo tecer memórias pessoais e coletivas com o tecido histórico de Angola como ponto de partida. Com este trabalho, considero que há uma resposta expressa e critica, e teoricamente um posicionamento mais lúcido, com relação ao contexto actual.
A Fundação Calouste Gulbenkian, através do Programa Gulbenkian Parcerias para o Desenvolvimento apoia a qualificação e internacionalização dos artistas dos PALOP. Lançou recentemente um concurso para a mobilidade internacional dos artistas nas áreas das artes visuais, incluindo imagem e artes plásticas, curadoria e dança. O apoio consiste na atribuição de subsídios de viagem para participação em residências artísticas em África ou em Portugal.