Os peixes também precisam de amigos
O apoio que cada indivíduo recebe por parte daqueles que o rodeiam influencia o seu comportamento e pode ajudá-lo a superar circunstâncias desfavoráveis. Além do ser humano, outros animais sociais conseguem recuperar melhor perante um evento adverso na presença dos seus congéneres. É o caso do peixe-zebra.
Um novo estudo liderado por Rui Oliveira, investigador do Instituto Gulbenkian de Ciência, do ISPA – Instituto Universitário e da Fundação Champalimaud, mostra que o peixe-zebra precisa de suporte social para ultrapassar situações adversas, o que faz deste peixe um modelo de eleição para estudar este comportamento e os mecanismos neurais subjacentes.
As experiências feitas pela equipa de investigação mostram que os peixes-zebra, quando podem ver e cheirar o seu cardume, exibem menos medo perante uma situação de ameaça do que quando estão sozinhos. Entre as pistas visuais e olfativas, é a visualização de um cardume que parece ser mais eficaz na diminuição da resposta de medo quando numa exposição prolongada à ameaça, não dependendo do tamanho do cardume.
O estudo mostra ainda que o fenómeno de suporte social em peixes-zebra desencadeia um padrão específico de ativação em várias áreas cerebrais (área pré-ótica, amígdala) que estão também envolvidas no mesmo fenómeno em mamíferos. Estas semelhanças entre as áreas cerebrais ativadas sugerem assim o peixe-zebra como um organismo modelo ideal para a investigação do suporte social, podendo reproduzir mecanismos neurais semelhantes aos dos seres humanos.
As descobertas deste estudo, publicado na revista científica Scientific Reports, abrem novos caminhos para a compreensão deste comportamento social, tão determinante para o bem-estar humano e de grande relevância em certas doenças, como a depressão ou ansiedade generalizada.