Noite Turva selecionada para Festival de Cannes
“Ainda que apenas sobrem memórias vagas de eventos determinantes na infância, mantêm-se vivazes alguns conflitos, outrora pequenos, que ainda hoje revivo enquanto adulto (…) tumultos que continuam sem resposta: a perda de alguém, a indefinição do futuro e a indiferença da natureza perante a existência destes anseios. Há mistérios que são permanentes.” Foi este terreno, onde não existe verdade ou mentira, que Diogo Salgado quis captar com o seu tripé e a sua câmara e acabou numa curta-metragem a que deu o nome de Noite Turva.
Realizada com Apoio a Novos Criadores em Cinema da Fundação Calouste Gulbenkian, a curta-metragem de Diogo Salgado vai ter a sua estreia internacional em julho, no Festival de Cannes – foi selecionada para a competição oficial do festival e concorre à Palma de Ouro de melhor curta-metragem.
Para o jovem realizador, Noite Turva “parte da exploração do confronto entre a inocência das fantasias e a severidade da realidade.” A linha narrativa é ténue, “os elementos formais são consequências dos conflitos interiores das personagens que tendem a criar a tensão dramática. A paisagem é uma antagonista passiva e indiferente, um lugar armadilhado que não só condiciona fisicamente as personagens, como também lhes estimula a imaginação com os sons que ecoam e as sombras que a lua projeta.”
Diogo Salgado (Coimbra, 1994) estudou Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema e Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa. Noite Turva é o seu primeiro filme e já arrecadou o prémio de Melhor Filme no Festival de Curtas Vila do Conde 2020.
“Noite Turva”, de Diogo Salgado (Trailer)