Mensagem da Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian
Neste Novo Ano, em que pela primeira vez me dirijo aos leitores da nossa Newsletter enquanto Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, começo por reforçar a vontade muito firme de que a Fundação continue a ser uma instituição filantrópica e cultural de referência, aberta ao mundo e empenhada na construção de uma sociedade menos desigual e mais sustentável.
Estou certa de que os colaboradores da Fundação estão muito motivados para este desígnio, encontrando na sua ação diária uma fonte de realização pessoal e profissional, honrando a responsabilidade que nos foi atribuída pelo nosso Fundador, cuja personalidade todos os dias nos inspira.
Inicia-se este ano um novo ciclo de programação para os próximos 5 anos, resultante de um processo de reflexão estratégica sobre a atividade da Fundação que envolveu todos os sectores, colaboradores e personalidades externas.
Segundo as novas linhas programáticas, as três grandes prioridades transversais a toda a Fundação são a Coesão e a Integração, o Conhecimento e a Sustentabilidade.
As novas prioridades vão traduzir-se também numa forma diferente de trabalhar – os Programas Gulbenkian procuram antecipar os problemas do futuro para cuja resolução a Fundação pode efetivamente trazer valor acrescentado, trabalhando de forma transversal e com lideranças cada vez mais colaborativas.
Apraz-me registar na programação para 2018 do Museu e da Música o reflexo do papel cívico das artes e a preocupação com a integração dos mais vulneráveis. Por outro lado, vejo igualmente com muito agrado o reforço do Programa PARTIS, instrumento por excelência para a promoção da inclusão pela arte, projeto que se estende por todo o país.
A política de cobertura nacional das atividades da Fundação, de que é exemplo a recente parceria com o Museu Nacional de Soares dos Reis, com a exposição de Almada Negreiros, recupera um compromisso de levar a Fundação Calouste Gulbenkian, nas suas várias vertentes, para fora de portas. Está igualmente prevista a utilização de obras da Coleção do Fundador e da Coleção Moderna para exposição em museus e centros culturais do nosso país, bem como a continuação dos concertos da Orquestra e do Coro Gulbenkian a nível nacional, projeto a que chamámos “Gulbenkian Itinerante”. Este é também um ano em que, pela primeira vez, a Coleção Moderna está exposta em permanência em todos os espaços do seu edifício, o que permitirá um conhecimento aprofundado da arte portuguesa do séc. XX.
Estes são alguns exemplos que, sem dúvida, irão contribuir para a nossa aposta em conseguir um maior impacto social da nossa intervenção.
É criado o Fórum Gulbenkian de Reflexão e Debate, concebido para posicionar a Fundação como um centro de pensamento e de análise prospetiva, que enquadre os problemas de Portugal com os da Europa e do Mundo. A sua atividade será desenvolvida em parceria com as principais fundações internacionais, think tanks, instituições de conhecimento e universidades.
Para 2018, destaco ainda a recém-anunciada renovação do programa EEA Grants, esta edição em parceria com a Fundação Bissaya Barreto, no que significa de reconhecimento e de responsabilidade pela gestão de fundos externos para o fortalecimento das organizações não-governamentais.
O Instituto Gulbenkian de Ciência conhecerá também durante este ano uma nova etapa da sua vida, com o projeto científico que a nova diretora se propõe desenvolver: investigação biomédica em áreas fundamentais, com preocupações de obter resultados para aplicação clínica e resolução de outros problemas da sociedade. A abertura a novas parcerias, a articulação com instituições congéneres e a comunicação da ciência fazem parte deste novo projeto.
2018 é o Ano Europeu do Património Cultural, o que constituirá uma oportunidade para focarmos as nossas ações nesta área, em estreita colaboração com outras fundações europeias. A Fundação pretende ainda reforçar a sua internacionalização em mais domínios, onde a cultura é o elo de ligação entre os cidadãos.
Refiro ainda a reunificação do Parque de Santa Gertrudes, ocorrida no final do ano passado, que vai permitir à Fundação abrir, ainda este ano, um concurso de ideias para o seu desenvolvimento, e que irá dotar o Parque Gulbenkian de um novo eixo central, com uma nova entrada pela Rua Marquês de Fronteira.
Naturalmente que todo este programa pressupõe que a salvaguarda do nosso património continue a ser a nossa principal responsabilidade, procurando sempre a melhor forma de assegurar o retorno económico e financeiro dos investimentos da Fundação, ao serviço do bem comum.
Como disse no meu discurso de início de mandato, a Fundação procura uma intervenção cada vez mais estratégica e próxima dos mais vulneráveis. Este papel é bem reconhecido pelos portugueses, tal como temos sentido na ação no terreno, no apoio às vítimas dos incêndios que ocorreram no ano passado. Fazemo-lo por missão e com a capacidade que fomos acumulando, ao longo dos anos, de articular e fazer pontes com outras instituições.
A Fundação Calouste Gulbenkian constrói-se dia a dia, fiel à sua missão e objetivos estatutários, valorizando a sua história e o seu legado, aberta à inovação e à mudança, com os olhos postos no futuro. Considero que pertencer à Fundação Calouste Gulbenkian é um privilégio inestimável, pela natureza da sua missão, pela elevação das suas finalidades e pelos valores que a orientam. Desejo, por isso, que o ano de 2018 traga a todos a força e a confiança indispensáveis para darmos o melhor que sabemos e valorizarmos tudo aquilo que temos, em nome do que esta Instituição representa.
Feliz Ano Novo para todos!
Isabel Mota