Julião Sarmento (1948-2021)

O Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian lamenta profundamente o desaparecimento de Julião Sarmento, um dos mais importantes artistas portugueses da sua geração.
Julião Sarmento, pormenor da obra «The Frozen Leopard», 1991. Centro de Arte Moderna
04 mai 2021

O artista está representado na coleção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian com 29 obras, entre as quais se encontram importantes pinturas dos anos de 1980 e 1990, várias séries de gravuras, um filme experimental dos anos 70, e obras mais recentes que integraram a coleção do CAM nos últimos anos. Em 1993 e em 2000, a Fundação foi palco de duas exposições retrospetivas da sua obra que, a par de um conjunto de subsídios concedidos ao artista, promoveram a sua obra em Portugal e no estrangeiro, sedimentando a sua internacionalização. No âmbito das celebrações dos 50 anos da Delegação da Fundação Gulbenkian em França, a Fundação apresentou, em 2016, uma exposição de trabalhos seus em Paris, com curadoria de Ami Barak. A Biblioteca da Arte da Fundação tem também no seu acervo cinco livros de artista de Julião Sarmento realizados entre 1995 e 2011.

A presidente da Fundação, Isabel Mota, lembra Julião Sarmento como “um amigo pessoal mas sobretudo da Fundação, um dos mais carismáticos artistas nacionais cujo percurso acompanhamos muito de perto, através de inúmeras exposições individuais e coletivas, orgulhando-nos de incluir no acervo do Centro de Arte Moderna obras excecionais representativas do trabalho do Julião ao longo de décadas e que o colocam no centro da produção artística contemporânea internacional”.

Com uma sólida carreira fora de Portugal, Julião Sarmento explorou vários suportes durante o seu percurso – da fotografia ao vídeo, passando pela instalação, pela pintura e pela gravura –, dedicando-se, desde a década de 1970, à representação da figura humana associada ao desejo, à violência, à compulsividade e à sexualidade. Após uma breve passagem por Londres, entre 1964 e 1965, Julião Sarmento regressa a Lisboa, onde estuda Pintura e Arquitetura na Faculdade de Belas-Artes. Nos anos de 1970, começa por se dedicar à fotografia e ao filme, embora os anos de 1980 sejam caracterizados por um «regresso à pintura». Fortemente influenciada pela cultura anglo-saxónica, a sua obra inclui frequentemente elementos inspirados na literatura e no cinema, muitas vezes presentes através de citações.

Julião Sarmento, «Just a Skin Affair», 1988. Centro de Arte Moderna

 

Na década de 1990, a depuração dos elementos de composição das suas pinturas define uma nova viragem na sua prática artística, altura em que se debruça sobre as Pinturas Brancas. Esta série é caracterizada pela presença de figuras negras sobre o fundo branco num enigmático jogo, entre sedução e violação. Vários elementos se repetem, como as mãos e os pés, as facas, as mesas ou os vestidos. Realiza a sua primeira exposição individual em 1976, na Galeria de Arte Moderna da Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA). Em 1983 participa na relevante exposição coletiva Depois do Modernismo, também na SNBA. Representa Portugal na 47.ª Bienal de Veneza em 1997. Destaca-se ainda a sua participação noutros importantes eventos, como as Documenta 7 (1982) e 8 (1987), a XI Bienal de Paris (1980), a 49.ª Bienal de Veneza (2001), a 25.ª Bienal de S. Paulo (2002).

A sua obra tem sido frequentemente referida pela crítica e exposta em importantes instituições nacionais e internacionais, como a Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação de Serralves, o Museo de Bellas Artes de Málaga, a Fundação Luís Cernuda, em Sevilha, o IVAM, em Valencía, o Guggenheim, em Nova Iorque, o Van Abbemusem, Witte de With e Stedelijk Museum, na Holanda, entre outros.

A Fundação Calouste Gulbenkian homenageia a memória de Julião Sarmento, que não esqueceremos, e apresenta sentidas condolências à família.

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