A Inclusão de Migrantes e Refugiados
“Quem trabalha na área da Cultura acredita no seu poder em transformar vidas e contribuir para a inclusão e a coesão social, promovendo o conhecimento, o diálogo, a tolerância e o respeito. Por essa razão, quem trabalha neste sector não consegue imaginar de que forma este processo de inclusão poderá acontecer sem a Cultura.” Na introdução ao livro A Inclusão de Migrantes e Refugiados: o papel das organizações culturais, a coordenadora da publicação, Maria Vlachou, sintetiza as preocupações cada vez mais urgentes de muitos profissionais do sector cultural que querem dar o seu contributo para a inclusão de migrantes e refugiados, mas não sabem como fazê-lo, nem por onde começar. É para colmatar esta necessidade que surge esta publicação, servindo de base para desenvolver a reflexão e uma prática mais sustentada pelas organizações culturais. A primeira parte do livro reúne dez entrevistas que constituem testemunhos de profissionais a trabalhar em organizações culturais com muita experiência nesta área: Counterpoints Arts (Reino Unido), Bibliotecas de Roskilde (Dinamarca), NOESIS – Centro de Ciência e Museu de Tecnologia de Salónica (Grécia), Museus Nacionais Liverpool (Reino Unido), Museu Roterdão (Holanda), Projeto Museu da Migração (Reino Unido) e Instituto para a Cidadania Canadiana (Canadá).
Em Portugal, também não faltam exemplos de boas práticas: é o caso do projeto “RefugiActo: a voz e o eco dos refugiados através do teatro”, que surgiu em 2004 no contexto das aulas de língua portuguesa do Conselho Português para os Refugiados e que tem tido o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian através do programa PARTIS – Práticas Artísticas para a Inclusão Social. Trata-se de um grupo de teatro amador, onde se partilham emoções, saberes e experiências, e por onde têm passado pessoas de todo o mundo. Também surgem como referência, no livro, os casos do festival TODOS – Caminhada de Culturas, que tem trabalhado para desenvolver a interculturalidade em Lisboa com recurso às artes, valorizando o seu cariz contemporâneo e comunitário, e o trabalho da Associação Renovar a Mouraria, envolvida no projeto internacional Enciclopédia dos Migrantes: o lado intimista e individual das histórias sobre migração. Esta “enciclopédia”, que divulga “um saber não científico”, foi publicada, em papel e em versão digital, em francês, espanhol, português e inglês, conta com testemunhos de 400 migrantes e nela estão representados 103 países e 74 línguas maternas.
Como sublinha na sua entrevista Almir Koldzic, codiretor da organização Counterpoints Arts: “A diversidade não deve ser vista como um fardo ou um défice, mas como uma força progressiva que, se nos comprometermos com ela, torna as nossas sociedades mais fortes.” São também disponibilizados nesta publicação um manual com recomendações, produzido pela Associação Alemã de Museus e aqui traduzido para português, bem como contactos de organizações governamentais, do sector cultural, do sector social e da academia, referências bibliográficas e outras informações úteis, para ajudar os profissionais que queiram pensar projetos nesta área a construir melhor as suas ideias, a inspirar-se e a criar ligações e parcerias com outras entidades.Esta publicação encontra-se disponível para consulta, em português e inglês, no sítio acessocultura.org.