Exposição de artistas mulheres portuguesas
Tudo o que eu quero — Artistas portuguesas de 1900 a 2020 é uma iniciativa do Ministério da Cultura com produção executiva e projeto curatorial da Fundação Gulbenkian, incluída no Programa Cultural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.
Com curadoria de Helena de Freitas e de Bruno Marchand, a exposição vai reunir cerca de duas centenas de obras de pintura, escultura, desenho, objeto, livro, instalação, filme e vídeo, produzidas por 40 mulheres artistas portuguesas, desde o início do século XX até aos nossos dias.
O icónico autorretrato de Aurélia de Sousa, pintado em 1900, é o ponto de partida para uma reflexão sobre um contexto de criação que durante muitos séculos foi quase exclusivamente masculino. Nas palavras dos curadores, “o conjunto de obras, aqui reunido, constitui um documento em si mesmo da luta das suas autoras pelo pleno direito à sua voz”.
A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, destaca a importância de “aumentar a visibilidade das mulheres no sector cultural e criativo, uma das prioridades políticas da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, promovendo a representação igualitária das obras das mulheres em exposições, museus, galerias, teatros, festivais e concertos. Esta é a única forma de sair dos papéis rígidos e confinados do género”.
Por seu lado, Isabel Mota, presidente da Fundação, declara que, “além de contribuir para reparar algumas injustiças no contexto historiográfico nacional, esta exposição procura compreender o papel de destaque que as artistas portuguesas assumem na segunda metade do século xx, nomeadamente no plano internacional, muitas delas com uma longa ligação à Fundação, enquanto bolseiras em Portugal e em cidades como Paris, Londres ou Munique.”
O título da exposição, Tudo o que eu quero — Artistas portuguesas de 1900 a 2020, foi inspirado por uma das figuras mais notáveis no campo da reimaginação do lugar das mulheres no espaço social, intelectual, sexual e amoroso dos últimos séculos: Lou Andreas-Salomé, assim situando o lugar das artistas selecionadas no espírito de subtileza, de afirmação e de poder.
Estarão presentes artistas de referência como Maria Helena Vieira da Silva, Lourdes Castro, Paula Rego, Ana Vieira, Salette Tavares, Helena Almeida, Joana Vasconcelos, Maria José Oliveira, Fernanda Fragateiro, Sónia Almeida e Grada Kilomba, entre muitas outras.
As artistas estarão representadas com um conjunto de obras que, mais do que uma mera sinalização de presenças e de ausências, possa oferecer ao público uma imagem mais ampla dos seus respetivos universos artísticos.
Inicialmente programada para inaugurar a 25 de fevereiro em Bruxelas, no Palácio de Belas-Artes (Bozar), foi deslocada para Lisboa depois de um incêndio no início do ano ter inviabilizado a sua apresentação nesse espaço, o que conduziu ao adiamento da mostra Histórias de uma Coleção. Arte Moderna e Contemporânea da Fundação Gulbenkian.
Em 2022, a exposição será apresentada no Centre de Création Contemporaine Olivier Debré, em Tours, integrada no programa geral da Temporada Cruzada Portugal-França.