Estampas japonesas «ukiyo-e» no Museu Gulbenkian

Uma das mais populares técnicas artísticas do Japão, para descobrir na Fundação Gulbenkian, de 23 de junho a 16 de outubro.
22 jun 2023

A delicada série de estampas, que será mostrada ao público na Sala de Exposições Temporárias do Museu Gulbenkian, evoca os prazeres efémeros da vida quotidiana, da cidade, da beleza feminina e da contemplação do mundo natural. São imagens de um mundo flutuante (ukyio-e), uma expressão artística popular no Japão a partir do século XVIII, muito difundida e admirada na Europa e nos Estados Unidos a partir da segunda metade do século XIX.

Muitas destas gravuras, resultantes de uma requintada técnica de impressão por blocos de madeira, revelam o profundo e muitas vezes íntimo entrelaçamento deste mundo flutuante com a poesia e a literatura japonesas, do mais elevado verso clássico ao vulgar romance popular.

A exposição dará a ver cerca de uma centena de obras produzidas entre os séculos XVII e XIX de mestres como Utamaro, Hokkei, Hiroshige, Hokusai ou Eizan, escolhidas entre as 231 estampas e cinco livros de estampas, num total de 12 volumes adquiridos por Calouste Gulbenkian.

A cidade de Tóquio (antiga Edo) e os seus lugares icónicos – incluindo o histórico bairro de Yoshiwara – e as ruas e a paisagem em redor, estão em evidência em grande parte das estampas.

As doze gravuras uki-e (impressões em perspetiva) de Utagawa Toyoharu (1735-1814) apresentam visões reais de Edo e testemunham o incessante fervilhar da cidade. A adoção da perspetiva linear foi relevante para o estabelecimento do género paisagístico ukiyo-e, inaugurado por Katsushika Hokusai (1760-1849) com a famosa série das Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji, de que a coleção contém dois exemplares.

A primeira versão do projeto editorial de Utagawa Hiroshige (1797-1858), As Cinquenta e Três Estações Postais do Tōkaidō, faz parte desse fenómeno e obteve tamanho sucesso que foi impressa em duas edições. A coleção Gulbenkian conserva uma segunda versão realizada em colaboração com Utagawa Kuniyoshi (1797-1861) e Utagawa Kunisada (1786-1865) e que, embora represente o Tōkaidō – a estrada que ligava Edo a Quioto – associa a cada uma das diferentes estações deste caminho as mais relevantes lendas, histórias e poemas japoneses. 

É dada ainda a conhecer a importância dos surimono, edições exclusivas e limitadas de xilogravuras, acessíveis apenas a alguns cidadãos da sociedade japonesa da altura, bem como de outras obras associadas à importante produção literária japonesa, nomeadamente de contos tradicionais e poesia. A coleção do Museu possui um grupo expressivo destas obras, nomeadamente da autoria de Totoya Hokkei (1780-1850) e Kikugawa Eizan (act. 1787-1867).  

Esta exposição representa uma oportunidade para descobrir algumas das estampas danificadas nas cheias de 1967 que afetaram a região de Lisboa. O lento e pormenorizado trabalho da equipa de conservação e restauro nestas obras foi pioneiro a nível nacional e é também contemplado na exposição.

A curadoria é de Jorge Rodrigues (Museu Calouste Gulbenkian), Francesca Neglia (Sapienza, Università di Roma) e Hannah Sigur (FCSH, Universidade Nova de Lisboa).

As atividades paralelas a esta exposição incluem dois workshops de gravura, duas oficinas de desenho, visitas guiadas e um encontro com os curadores. 

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