Alberto Giacometti e Rui Chafes
Um encontro improvável e inédito entre dois escultores singulares. A ver em Paris, a partir do dia 3 de outubro.
Mais de duas dezenas de obras dos artistas Alberto Giacometti e Rui Chafes estarão lado a lado, numa exposição promovida pela Delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em França. A mostra propõe um diálogo inédito entre dois escultores que nunca se cruzaram (Chafes nasceu em Lisboa em 1966, ano da morte do escultor suíço), mas cujas obras apresentam um surpreendente potencial de ressonância. Estarão expostos 15 trabalhos de Alberto Giacometti – 11 esculturas e quatro desenhos – e sete esculturas de Rui Chafes.
O projeto parte de uma pesquisa sobre a linguagem comum aos dois escultores, mas materializada de forma distinta por cada um deles: o bronze, a rugosidade e a cor cinza definem o trabalho de Giacometti, enquanto o ferro, a lisura e a cor negra constituem o vocabulário formal de Rui Chafes.
Com o título inspirado num verso de Giacometti – “Gris, vide, cris” –, a exposição vai revelar um surpreendente território de cumplicidade entre os dois artistas, em torno de conceitos como a intemporalidade, a desmaterialização e o vazio.
As obras de Giacometti escolhidas para esta mostra são pouco conhecidas, duas delas nunca anteriormente exibidas, representando pequenas cabeças aparentemente inacabadas e figuras de pequeno e médio formato, escavadas e desmaterializadas. Já as peças de Rui Chafes foram concebidas especificamente para esta mostra.
No seu livro O Silêncio de…, Rui Chafes escreveu, em 1998, que “juntamente com Joseph Beuys, A. Giacometti é talvez o grande escultor do pós-Guerra”, que tomou “o caminho da negação, da redução, da austeridade e ascetismo” e que criou “um espaço calcinado”, abrindo caminho para a “moderna escultura: a escultura da consciência”. Duas décadas mais tarde, Rui Chafes, que em 2015 recebeu o prestigiado Prémio Pessoa, depois de, no ano anterior, ter apresentado, na Fundação Gulbenkian, a exposição antológica O Peso do Paraíso, vai estabelecer agora uma relação direta com o artista que abriu portas para uma escultura que também é a sua: a escultura da consciência.
Rui Chafes será assim o primeiro artista da sua geração a expor num diálogo a solo com Alberto Giacometti. A presença do artista em Paris estende-se também ao Centro Pompidou que, no dia 1 de Outubro apresentou as suas duas esculturas que acabam de ser integradas na sua coleção permanente, “Carne Invisível” e “Carne Misteriosa”, ambas datadas de 2013.
Helena de Freitas, que em 2016 comissariou a retrospetiva de Amadeo de Souza-Cardoso, no Grand Palais, em Paris, é a curadora deste projeto, que considera um dos mais desafiantes da sua vida.
Esta exposição é organizada pela Fundação Gulbenkian em Paris, com o apoio da Fundação Alberto e Annette Giacometti.
Rui Chafes et Alberto Giacometti
Gris, vide, cris
39, Boulevard de La Tour-Maubourg
Segundas, quartas, quintas e sextas, das 9h às 18h
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h
Entrada livre (o acesso à sala é limitado)