Crioulos de base portuguesa: património linguístico
No âmbito do encerramento das comemorações do Dia da Língua e da Cultura na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizou-se o colóquio multidisciplinar Crioulos de Base Portuguesa, no dia 5 de junho 2018, no Palácio Conde de Penafiel, Sede da CPLP em Lisboa.
Esta iniciativa foi promovida pela Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Observadores Consultivos da CPLP, cuja coordenação cabe atualmente à Fundação Calouste Gulbenkian, o colóquio foi comissariado por Hugo Cardoso (Professor e Investigador do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa) e contou com a colaboração de mais de vinte convidados, especialistas, artistas e falantes de crioulos. Foram debatidas as temáticas relacionadas com as línguas crioulas de base portuguesa em diferentes áreas geográficas do mundo, quer do ponto de vista das características e especificidades linguísticas, quer das raízes culturais e históricas da sua formação e subsistência até à atualidade, quer do mapeamento dos caminhos possíveis para a preservação das línguas crioulas como património cultural em risco, em alguns casos, ou da sua coexistência pacífica e bem-sucedida com a Língua Portuguesa, em diversos outros.
O colóquio contou com a participação de personalidades como Georgina Benrós de Mello, Diretora Geral da CPLP, o Embaixador Gonçalo de Mello Mourão, representante da Missão do Brasil junto da CPLP, e Nélia Alexandre, Professora da Universidade de Lisboa, que abriu o colóquio com a conferência Os crioulos de base portuguesa: viagens no tempo e no espaço.
Organizado em quatro blocos temáticos – Investigação, Emoção, Preservação e Criação – o colóquio ofereceu na primeira parte uma panorâmica do estado atual da investigação linguística no domínio dos Estudos Crioulos (com os contributos de Tjerk Hagemeijer, Patrícia Costa e Fernanda Pratas, da Universidade de Lisboa, e Mário Pinharanda Nunes, docente da Universidade de Macau), bem como testemunhos diretos de falantes nativos de crioulos ou de outros que nos seus percursos privaram com comunidades crioulófonas (com a participação de Abigail Tiny Cosme, P. António Colimão, Helderyse Rendall Évora e o escritor cabo-verdiano José Luís Hopffer Almada). Na segunda parte realizou-se uma reflexão e debate sobre iniciativas que promovem a preservação dos crioulos e a sua coexistência pacífica com o português, pela educação, a ortografia e as políticas linguísticas (contributos de Carlos Piteira, do Instituto do Oriente do ISCSP-UL, Chiara Truppi e Dulce Pereira, ambas da Universidade de Lisboa e de Ana Josefa Cardoso, investigadora da Universidade Nova de Lisboa) e ainda uma mostra sobre a criação e a expressão artística em línguas crioulas (apresentações de Mahesh Radhakrishnan e Christina Märzhäuser, investigadores das Universidades de Lisboa e de Mannheim respetivamente, bem como do ator sãotomense Ângelo Torres e da cantora cabo-verdiana Lura. Com a participação de cerca de 120 pessoas, o colóquio terminou com um momento musical em crioulo a cargo de Filipe Santo.