Compreender o aparecimento da leucemia
É conhecida como “leucemia linfoblástica aguda das células T” e aparece a partir das células precursoras, que produzem os linfócitos T (um tipo de glóbulos brancos). Um novo estudo do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), desenvolvido em ratinhos, mostra que a leucemia pode emergir como consequência do prolongamento da permanência das células precursoras no timo.
Os linfócitos T são essenciais para combater infeções e desenvolvem-se no timo, um órgão situado sobre o coração. Durante o processo, há células precursoras que vêm da medula óssea e entram no timo para se desenvolver e aprender a proteger o nosso organismo. Neste processo, o timo tem uma “linha de montagem” onde muitas destas células iniciam a sua formação, mas são descartadas se não funcionarem bem. O trabalho liderado por Vera Martins mostra que se houver um problema com as células precursoras que vêm da medula óssea, o timo consegue manter sozinho a sua “linha de montagem” durante algum tempo. No entanto, esta função está associada a um risco elevado de desenvolvimento de leucemia linfoblástica aguda das células T.
A equipa do IGC testou em ratinhos diversos fatores genéticos que se sabe estarem envolvidos na formação dos linfócitos T. Os resultados obtidos mostraram que em todas as condições testadas havia uma incidência de 80 por cento deste tipo de leucemia. “O nosso estudo mostra a importância de investigarmos detalhadamente os mecanismos celulares, genéticos e fisiológicos associados ao processo de diferenciação normal das células e abre portas à compreensão de como a leucemia pode aparecer em células que deviam estar a aprender a defender o organismo,” salienta Vera Martins.