Campos da Matemática Gulbenkian

Apesar das limitações inerentes à Covid-19, os Campos da Matemática Gulbenkian voltaram a realizar-se, entre 31 de agosto e 11 de setembro, em São Tomé e Príncipe.
© DR
14 set 2020

Perante o cenário de pandemia, participaram na 2.ª edição dos Campos da Matemática Gulbenkian 30 alunos do 11.º ano de escolaridade – aqueles que, tendo sido selecionados para a edição de 2019, mantiveram classificações mínimas de Bom ao longo do ano letivo – não tendo no entanto sido possível, no contexto atual, admitir novos alunos.

A iniciativa, lançada em 2019, com o objetivo de estimular o gosto dos jovens pela matemática e de os ajudar a atingir o máximo do seu potencial, foi adaptada às contingências, decorrendo num modelo misto – presencial, em duas salas da Universidade de São Tomé e Príncipe, e à distância, através das novas tecnologias.

“Por um lado temos os alunos a aprender Matemática, ao mesmo tempo que aprendem ferramentas informáticas, e do outro estão os professores a lidar com as novas tecnologias para o ensino, numa altura em que o ensino à distância vai passar a fazer parte da realidade santomense”, considera Ilvécio Ramos, um dos responsáveis são-tomenses pelos Campos.

Independentemente das circunstâncias, “os Campos despertaram nos alunos o interesse pela matemática e têm-lhes proporcionado oportunidades que não teriam de outra forma. Têm ‘respirado’ a matemática e é notória a satisfação demonstrada durante as sessões”, afirma, salientando ainda que “a onda” gerada pelos Campos não se limita aos alunos que neles participam: “poderão contagiar os colegas”.

Os Campos, que desenvolvem atividades educativas com vista a estimular o gosto pela Matemática e a promover a autoaprendizagem e o desenvolvimento individual de capacidades de cada um, teve este ano uma componente adicional: durante o período de suspensão das aulas devido à pandemia, os participantes tiveram acompanhamento semanal – à distância, através da plataforma Zoom – dos professores das sociedades Portuguesa e São Tomense da Matemática.

“São Tomé e Príncipe ainda tem muitas carências de professores de Matemática, Física, Química e de outras áreas que requeiram uma boa base matemática. Com esta iniciativa, envolvendo os professores e trocando experiências, estamos a receber ‘fórmulas’ sobre como mitigar o desfasamento existente”, sublinha Ilvécio Ramos.

Para a Ministra da Educação e Ensino Superior de São Tomé e Príncipe, Julieta Rodrigues, presente na sessão de encerramento dos Campos, o desenvolvimento do país só se atinge com uma aposta nas áreas científicas e tecnológicas e considera que a matemática é a “ciência mais importante do ensino moderno”.

Os Campos da Matemática são uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com o Ministério da Educação e Ensino Superior de São Tomé e Príncipe, e conta com o apoio científico e pedagógico das Sociedade Portuguesa de Matemática e Sociedade São Tomense de Matemática. São ainda envolvidos professores locais, criando um grupo de estudo nesta disciplina e um acompanhamento prolongado dos alunos. Com esta iniciativa, a Fundação Calouste Gulbenkian pretende reforçar a educação de qualidade em Matemática nos PALOP.

 

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