Camões no novo número da Colóquio/Letras
O número 197 da revista Colóquio/Letras dedica o seu núcleo principal a Luís Vaz de Camões, abrindo com um artigo sobre a polémica instalada no século XVII entre os padres Manuel Pires de Almeida e João Soares de Brito sobre o prestígio do poeta seiscentista, a propósito da interpretação do episódio do sonho do rei Venturoso d’Os Lusíadas (Canto IV). A revista apresenta ainda ensaios sobre a representação iconográfica de Camões na produção literária e ensaística de Vasco Graça Moura e sobre a combinatória semântica na construção d’Os Lusíadas. Maurizio Perugi, professor de filologia românica em Genebra e um estudioso de Camões e Pessoa, fala sobre a ciência da edição crítica da lírica camoniana numa entrevista a Rita Marnoto.
Na revista pode encontrar-se também um suplemento com a versão portuguesa do artigo de J. M. Coetzee “Confissão e pensamentos duplos”. Trata-se de um longo e denso ensaio sobre a sinceridade das confissões presentes nas obras A Sonata de Kreutzer de Tolstoi, Confissões de Rousseau, e Cadernos do Subterrâneo, Os Demónios e O Idiota de Dostoievski.
Outros temas são tratados na secção de ensaio: as principais peças de Shakespeare comentadas por Helder Macedo; os 500 anos de “Comigo me desavim”, canção revisitada várias vezes ao longo do século XX (de Alexandre O’Neill a Caetano Veloso); a divulgação da cultura popular de origem africana, por Cecília Meireles, no Portugal dos anos 30; o trabalho com a linguagem de Ruy Belo, em paralelo com a “Construção” de Chico Buarque; e a ficção de Miguel Torga e Lins do Rego.
O número integra ainda um ensaio de Eduardo Lourenço sobre o Pessoa de Casais Monteiro, cinco cartas inéditas para Miguel Torga, poemas de Miguel-Manso e as habituais secções de crítica. A capa e os separadores deste número são do artista Cruz Filipe.