Calouste Sarkis Gulbenkian, 150 anos depois
Calouste Sarkis Gulbenkian era um homem à frente do seu tempo, com três características marcantes e que podem servir de ensinamento para as gerações futuras. A primeira, conta o seu bisneto, Martin Essayan, era que “pensava sempre no mundo como um todo, em vez de cada país ou comunidade individual”. A segunda, prossegue, era que “tinha princípios muito fortes, que aplicava aos seus negócios”. A terceira e última característica era que Calouste “adorava a natureza, os animais e as plantas”.
Hoje em dia, reflete Martin Essayan, os nacionalismos expandem-se; no mundo dos negócios, há quem se questione onde estão os valores; e estamos, globalmente, a destruir o planeta. Perfeitamente atuais, conclui, os valores do seu bisavô não são só um “exemplo poderoso”, mas sobretudo algo de “muito inspirador”.
Como que num feliz regresso ao passado, vê os jovens de hoje a olharem para “o mundo como um todo; a preocupam-se em ter impacto social, em que o seu trabalho tenha significado; e preocupam-se muito mais com o ambiente e o planeta, justamente as três coisas com que Calouste Gulbenkian se preocupava, há 150 anos.”
É este homem, nascido faz este ano 150 anos, que deu corpo e nome à Fundação, que será celebrado ao longo de 2019, com uma programação variada, a começar pelo lançamento do livro “O Homem Mais Rico do Mundo. As muitas vidas de Calouste Gulbenkian”. Escrito por Jonathan Conlin, a obra apresenta a vida de Calouste Sarkis Gulbenkian numa perspetiva inovadora, fundamentada em muitos documentos históricos. Durante mais de quatro anos, o historiador inglês mergulhou nos arquivos da Fundação, em Lisboa, e em outros dez lugares que marcaram a vida de Calouste, consultou documentos em francês, inglês, arménio, turco, alemão e russo, para contar a vida do homem cuja vida atravessou duas grandes guerras, que foi diplomata, homem de negócios, um visionário na área petrolífera e construiu uma riquíssima coleção de arte.