Atelier M, uma escola para as artes em São Tomé

O conceituado artista plástico Kwame de Sousa criou uma escola informal de artes que é o único programa de educação artística no país.
21 jan 2021

Kwame de Sousa fez parte da sua formação em Lisboa no Ar.Co – Centro de arte e comunicação visual e o modelo inspirou-o a criar o Atelier M. O desejo inicial foi o de criar um centro de referência como contributo para o desenvolvimento das artes.

O artista idealizou o projeto, construiu de raíz o edifício para a escola e arquitetou a componente de formação, tudo com os seus próprios recursos. “Construí este projeto com a venda dos meus trabalhos. A ideia surgiu-me quando ainda estava a viver e a trabalhar em Amesterdão, onde ficava a galeria que me representava na altura. Muitos amigos compraram os meus trabalhos para que eu tivesse mais dinheiro para fazer as obras e dar início ao projeto” refere Kwame de Sousa.

“Há um programa a cumprir”

Os alunos que concorrem ao Atelier M devem ter o 9.º ano completo e continuar os seus estudos no ensino secundário. A formação artística do Atelier é de três anos, na área da pintura, escultura e desenho, (e atualmente há um aluno a seguir a área da fotografia) sendo o último ano destinado à preparação do projeto final individual de cada aluno. 

Apesar de ser um projeto piloto e estar ainda numa fase inicial, o artista são-tomense exige dedicação e trabalho por parte dos alunos. “Não se trata de uma ocupação de tempos livres, há um programa a cumprir, com aulas teóricas de inglês, português e história de arte, por exemplo, além das aulas práticas. As turmas são constituídas por nove alunos por ano, separados em dois grupos nas aulas práticas. Não podemos ter mais que nove alunos porque estes cursos são muito caros. O Atelier fornece tudo, os alunos não pagam rigorosamente nada.”

Além da formação, o Atelier M recebe artistas dos EUA, Holanda, Cabo Verde e Portugal para residências artísticas em São Tomé e que apoiam a formação dos alunos, permitindo o contacto com novas realidades e expressões artísticas. “Construí ao lado do ateliê, uma zona de residências para os professores que vêm de fora. São artistas que conheço e com os quais tenho relações. Acham interessante o projeto e aceitam colaborar.”

Os próximos desafios de Kwame de Sousa são a construção de um novo espaço, fora da cidade de S. Tomé, para desenvolver o seu próprio trabalho enquanto artista e para os alunos que não vivem na cidade e que têm mais dificuldades nas deslocações; este espaço poderia apoiar ainda a continuidade da formação dos alunos que estão a terminar o último ano. “Estou à procura de parcerias para que os melhores possam seguir o seu percurso artístico em Portugal. Neste campo, eu sozinho já não consigo”. A Fundação Gulbenkian apoiou já a ida de dois professores do Ar.Co para a orientação de dois cursos no Atelier M e uma mesa de serigrafia para apoiar o ensino desta técnica.

Kwame de Sousa considera que o Atelier M é já um “modelo que se sabe que funciona” e espera assim contribuir para que São Tomé e Príncipe venha a ter um conjunto de jovens artistas que possam vir a trabalhar no país.

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