António Ramos Rosa e Herberto Helder na Colóquio-Letras
Nesta edição, publica-se um conjunto de artigos sobre as obras de António Ramos Rosa e Herberto Helder e revelam-se 17 cartas inéditas deste último para o primeiro, apresentadas por Ana Paula Coutinho. “Se houve poetas que marcaram, logo a partir dos seus primeiros livros, a renovação da poesia portuguesa desde finais dos anos 50, eles foram António Ramos Rosa e Herberto Helder”, sublinha Nuno Júdice no editorial da revista. A força da poesia de António Ramos Rosa (O Grito Claro, 1958, e Viagem através duma Nebulosa, 1960) e de Herberto Helder (O Amor em Visita, 1958, e_ A Colher na Boca_, 1961) viria a marcar as décadas seguintes: no caso do primeiro, prosseguindo um trabalho de publicação de poesia e ensaio, e no caso do segundo, de poesia e ficção, com livros que impuseram as suas vozes como dois marcos da literatura do século XX e da contemporaneidade. Talvez menos conhecida seja a relação literária e de amizade que os dois autores mantiveram e da qual as cartas inéditas que a Colóquio-Letras agora publica são um notável testemunho.
Efemérides da literatura
Os 150 anos do nascimento de Raul Brandão e o centenário da primeira publicação de Húmus, obra-prima do autor, são igualmente assinalados nesta edição da revista. Uma vez que passam também agora 200 anos sobre a execução de Gomes Freire de Andrade, com outros onze liberais — episódio descrito por Brandão em A Conspiração de 1817 —, publica-se uma carta, escrita a Matilde de Faria Melo, que viria a ser a personagem de Felizmente Há Luar (1961), de Luís de Sttau Monteiro — uma das grandes peças do repertório teatral do século XX. No alinhamento da revista de setembro, que reproduz na capa e separadores obras do escultor Rui Chafes, cabem ainda referências a dois escritores desaparecidos este ano: o poeta Armando Silva Carvalho e o romancista e jornalista Baptista-Bastos.