António-Pedro Vasconcelos (1939-2024)
A sua carreira na renovação do cinema português foi acompanhada desde cedo pela Fundação Calouste Gulbenkian. No início dos anos 1960, António-Pedro Vasconcelos rumou a Paris para estudar cinema na Sorbonne, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Na cidade luz, acompanhado de Alberto Seixas Santos, assistiu, na Cinemateca Francesa, aos filmes da Nouvelle Vague que tanto inspiraram a sua geração.
De regresso a Portugal, fez parte do grupo fundador do Centro Português de Cinema, estrutura que, com o apoio da Fundação Gulbenkian, procurou dar novo ímpeto à produção cinematográfica portuguesa. Foi através do Centro Português de Cinema que António-Pedro Vasconcelos se estreou na longa-metragem, com Perdido por Cem (1973).
Mentor do cinema novo, defensor de um cinema para o grande público, foi realizador de um dos maiores êxitos de bilheteira em Portugal – O Lugar do Morto (1984), além de outras 11 longas-metragens (entre as quais Jaime ou Call Girl) e documentários. Foi realizador, argumentista, jornalista, crítico, apresentador de programas culturais, comentador desportivo, professor, um homem que quis fazer o cinema português “sair da sua pequenez”.
Firme nas suas convicções e no combate cívico – foi um acérrimo defensor do serviço público da RTP e da manutenção da TAP na esfera do Estado – estava a fazer a adaptação, para filme, de O Lavagante, de José Cardoso Pires, e uma série documental sobre os bastidores do 25 de abril.
A Fundação Calouste Gulbenkian recorda António-Pedro Vasconcelos e a sua longa carreira, que enriqueceu a cultura portuguesa e promoveu a projeção internacional do cinema português.