Ana Domingos do IGC é um dos 41 cientistas promissores apoiados por várias instituições
O Howard Hughes Medical Institute (HHMI), a Fundação Bill e Melinda Gates, a Wellcome Trust e a Fundação Calouste Gulbenkian anunciam a escolha de 41 jovens cientistas promissores como International Research Scholars. Cada investigador irá receber 650 mil dólares ao longo de 5 anos, entre eles a investigadora portuguesa, Ana Domingos, líder do laboratório de obesidade no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC).
Em 2016, estas quatro fundações filantrópicas estabeleceram uma parceria para desenvolver talento científico na área da biomedicina em todo o mundo, disponibilizando cerca de 26,7 milhões de dólares para apoiar cientistas em início de carreira que pretendam desenvolver programas de investigação criativos e de excelente qualidade científica. Mais de 1400 cientistas de todo o mundo concorreram a este programa, mas só 41 investigadores de 16 países foram selecionados. O processo de seleção foi conduzido por um painel de reconhecidos cientistas internacionais que avaliou o impacto do trabalho já desenvolvido e o potencial do programa de investigação que os candidatos se propõem implementar. Com base nessa seleção, cada fundação pode escolher os cientistas que iria apoiar.
“Este é um grupo de cientistas extraordinários que irão levar a investigação biomédica mais além em todo o mundo, e estamos muito contentes por apoiá-los ao lado dos nossos parceiros filantrópicos”, diz David Clapham, vice-diretor e diretor científico do HHMI.
Ana Domingos, investigadora do IGC, é uma das selecionadas como HHMI-Wellcome International Research Scholar. Recentemente, Ana Domingos descobriu uma ligação direta entre o tecido adiposo (o tecido gordo) e os neurónios do sistema nervoso periférico, mostrando que estes neurónios desempenham um papel na degradação da gordura. A estimulação destes neurónios pode um dia levar a um novo tratamento que permita a redução de massa gorda. O financiamento que agora recebe irá permitir-lhe continuar a investigar novas estratégias moleculares para combater a obesidade. “É um verdadeiro privilégio e honra ser distinguida por estas instituições”, diz Ana Domingos. Esta não é a primeira vez que instituições internacionais premeiam a cientista do IGC, tendo já recebido financiamento do Human Frontiers Science Programme e da European Molecular Biology Organization (EMBO).
Em Portugal, foram ainda selecionados outros dois investigadores como International Research Scholars: Joe Paton, da Fundação Champalimaud, e Catarina Homem, do CEDOC – Centro de Estudos de Doenças Crónicas.
Jonathan Howard, diretor do IGC, comenta: “É extraordinário constatarmos como os investigadores em Portugal têm bons resultados em concursos internacionais tão competitivos como este programa. Três investigadores em 41 distinguidos como International Research Scholars é um número excelente. Isto é mais um indicador de como Portugal tem cientistas a fazer ciência ao mais alto nível no panorama internacional.”
O cientista Chileno Carlos Blondel, da Universidad Autonoma do Chile, foi o escolhido pela Fundação Gulbenkian como HHMI-Gulbenkian International Research Scholar. Carlos Blondel investiga as interações entre microorganismos e os seres humanos, e o seu impacto no aparecimento de doenças infecciosas, através do estudo do “armamento” molecular dos agentes patogénicos.
A contagem final de International Research Scholars atribuídos por país indica 7 para a China, 6 para a Austrália e Israel, 3 para Chile, Portugal, Singapura e Suíça, 2 para Espanha, e 1 para Áustria, Camboja, Hungria, Índia, Coreia do Sul, Holanda, África do Sul e Tanzânia. Este programa é aberto a cientistas de todo o mundo com exceção dos países do G7.