Acesso online ao Arquivo Álvaro Siza
Em 2014, Álvaro Siza tomou a decisão de doar o seu extenso arquivo (que inclui projetos desde 1958, construídos e não construídos) a três instituições: a Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação de Serralves e o Canadian Centre for Architecture (CCA) em Montreal. No quadro deste caso excecional de colaboração institucional internacional, as três entidades comprometeram-se a estabelecer uma metodologia conjunta de tratamento arquivístico e de descrição de materiais que permita o acesso coletivo à notável obra de Álvaro Siza.
Com a doação do seu arquivo, Siza expressou “o desejo de que tantos anos de trabalho pudessem tornar-se úteis e contribuir para a pesquisa e o debate em torno da arquitetura, particularmente em Portugal, tendo em vista uma perspetiva em tudo contrária à do isolamento”. Assim, Siza comunicou a sua decisão de “doar o arquivo a duas instituições portuguesas que têm a experiência, a qualidade e a capacidade de desenvolver ou aumentar os seus respetivos arquivos e o objetivo de aumentar a acessibilidade, a disseminação e a participação ativa num debate que não é meramente nacional ou apenas centrado num único indivíduo”. E também “ao CCA, em Montreal, uma instituição com uma experiência e um prestígio inigualáveis, e com uma série consolidada de atividades no campo da arquitetura: exposições, publicações, pesquisa, relações com instituições congéneres e grande visibilidade. Uma vez que o CCA é reconhecido pela sua experiência na preservação e apresentação de arquivos internacionais, ficará a seu cargo a conservação de uma grande parte do meu arquivo e a tarefa de o tornar acessível, lado a lado com a obra de outros arquitetos modernos e contemporâneos”.
O arquivo completo, partilhado pelas três instituições, representa o interesse que, ao longo de toda a sua vida, Siza dedicou ao estudo da habitação unifamiliar e coletiva e ao planeamento urbano, bem como à conceção de projetos para centros culturais, museus e universidades em inúmeros países da Europa, Ásia e América. Este arquivo inclui atualmente textos, correspondência, fotografias e slides, cerca de 60.000 desenhos, 500 maquetes, 282 cadernos de esquissos e o arquivo de materiais digitais.
A documentação doada à Fundação Gulbenkian e à Fundação de Serralves foca-se nos projetos de Álvaro Siza em Portugal e data de 1958 até 2006. A documentação entregue ao CCA inclui projetos com repercussão internacional datados de 1958 até ao presente. Todos os projetos de 2006 em diante serão depositados no CCA.
A partir de fevereiro de 2018 as descrições arquivísticas destes materiais começarão a ser disponibilizadas online nos sites do CCA, Serralves e Gulbenkian, incluindo os primeiros projetos dos anos 1950 e 1960, bem como projetos para o IBA de Berlim e projetos de renovação urbana para a cidade de Haia datados dos anos 1980. Estes projetos incluem o edifício Bonjour Tristesse (Berlim, 1982–1983), Punt en Komma (Haia, 1985 – 1989), a Casa de Chá da Boa Nova (Leça da Palmeira, Matosinhos, 1963), as Piscinas de Leça da Palmeira (Matosinhos, 1966), o edifício do Banco Borges & Irmão (Vila do Conde, 1986), a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (Porto, 1992), o Museu de Arte Contemporânea de Serralves (Porto, 1999), a Casa António Carlos Siza (Santo Tirso, 1976/78), a renovação da casa do caseiro – Casa Vieira de Castro (Vila Nova de Famalicão, 1984/85). Ao longo dos próximos anos outros materiais serão disponibilizados para pesquisa.
Álvaro Joaquim de Melo Siza Vieira (Matosinhos, 1933) começou a sua carreira no final dos anos 1950, na vanguarda de uma nova linguagem arquitetónica adaptada ao contexto cultural e social de Portugal. Ao longo do seu vasto e eminente percurso profissional, o trabalho de Siza foi largamente reconhecido. Em 1992 foi-lhe atribuído o Prémio Pritzker de Arquitetura e em 2012 o Leão de Ouro da Bienal de Veneza pelo conjunto da sua carreira, entre muitos outros prémios e distinções.