Vieira da Silva. Œuvres de la Fondation Arpad Szenes-Vieira da Silva et du Centre d'Art Moderne José de Azeredo Perdigão

50.º Aniversário da Fundação Calouste Gulbenkian

Por ocasião do cinquentenário da Fundação Calouste Gulbenkian, o Centre Calouste Gulbenkian, em Paris, expôs pela primeira vez a obra de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992). Comissariada por Ana Vasconcelos e Marina Bairrão Ruivo, esta mostra reunia trabalhos pertencentes às coleções da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva e do Centro de Arte Moderna.
The Centre Calouste Gulbenkian, in Paris, displayed the work of Maria Helena Vieira da Silva for the first time to mark 50 years of the Calouste Gulbenkian Foundation. Curated by Ana Vasconcelos and Marina Bairrão Ruivo, the show included works belonging to the Arpad Szenes Foundation and the Modern Art Centre.

Por ocasião do cinquentenário da Fundação Calouste Gulbenkian, o Centre Calouste Gulbenkian, em Paris, expôs pela primeira vez a obra de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992). Esta mostra, comemorativa do 99.º aniversário do nascimento da artista, reunia um conjunto de trabalhos pertencentes às coleções da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva (FAVS) e do Centro de Arte Moderna.

Apesar de nunca antes apresentada no Centre Calouste Gulbenkian (CCP), a obra de Vieira da Silva teve uma forte divulgação e reconhecimento em França. Assim, e tendo a ambição de contribuir para um conhecimento mais aprofundado desta obra, as curadoras Ana Vasconcelos e Marina Bairrão Ruivo depararam-se com a seguinte questão: «Comment aborder à Paris l'oeuvre de Maria Helena Vieira Da Silva, après les nombreuses expositions déjà réalisées dans cette ville montrant les différents aspects de son œuvre?» (Vieira da Silva. Œuvres de la Fondation Arpad Szenes-Vieira da Silva et du Centre d'Art Moderne José de Azeredo Perdigão, 2007, p. 9)

A solução encontrada assentava numa sequência cronológica de núcleos temáticos, que, além de mostrarem os principais temas e problemáticas exploradas pela artista em diferentes momentos do seu percurso, procuravam salientar o seu processo de trabalho.

A exposição iniciava-se, no piso térreo do CCP, com um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen intitulado «Maria Vieira da Silva ou l'itinéraire ineluctable» (1969), que servia de mote ao discurso expositivo. Partindo da ideia de que cada pintura de Vieira da Silva é um complexo e surpreendente labirinto, esta mostra propunha, ao longo dos diferentes núcleos, uma viagem ao interior da pintura. Cada núcleo temático era composto por uma ou mais pinturas, acompanhadas por desenhos, guaches e gravuras que desvendavam aspetos de composição, ensaios cromáticos, em suma, o esqueleto da pintura e pesquisas associadas.

O primeiro núcleo, construído em torno de La Rue, Le Soir (1936) e Composition (1936), era dedicado às pesquisas sobre o espaço. Neste, eram inseridas as primeiras experiências com redes e grelhas – Grille (1936), Le Filet (1936). Seguia-se um conjunto sobre o movimento e a geometrização, no qual eram apresentados Le 5 octobre 1789 (1938) e Vers le 5 octobre 1789 (1938). A conjugação das soluções pictóricas ensaiadas estava presente em obras como Le Héros ou Le Héraut (1939) e L'Oranger (1954), expostas no núcleo seguinte, onde o tema da guerra era dominante.

Tal como Sophia de Mello Breyner compôs através da poesia o que podemos considerar um retrato da obra de Vieira da Silva, também a artista retratou alguns dos seus amigos. Exemplo disso são as séries dedicadas a René Char e André Malraux, apresentadas no átrio da escadaria, e nas quais a artista explora várias técnicas de gravura. Por outro lado, este conjunto remetia para as relações que Vieira da Silva foi estabelecendo em França.

Ao cimo da emblemática escadaria da antiga residência de Calouste Gulbenkian encontrava-se La Bibliotèque en Feu (1974), que dava início ao núcleo centrado nessa temática, explorada pela artista de um modo quase obsessivo através de diferentes media.

A exposição terminava na sala oval, no piso superior, com representações de lugares marcados pela ordem ou pela desordem. Cidades reais ou imaginárias, lugares de reclusão e contemplação eram representados em pinturas a óleo, litografias, serigrafias, através de vistas aéreas ou frontais, algumas desconstruídas, fragmentadas, abstratizadas. O caos de L'Aire du Vent (1966) contrasta com a organização de Claustra (1989).

Esta exposição era acompanhada por um catálogo, que incluía, além do texto das curadoras, uma fotobiografia da artista e textos de Michel Butor e Isabel Matos Dias Caldeira Cabral.

Inicialmente com data de encerramento marcada para 28 de setembro, esta exposição foi prolongada até 18 de outubro devido à forte afluência verificada. Em seguida, a mostra viajou para Lisboa, sendo apresentada na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva. A imprensa francesa dirigiu-lhe críticas bastante favoráveis, nomeadamente os jornais Nouvelles de l'Estampe e L'Arche.

Mariana Roquette Teixeira, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Composition

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

Composition, Inv. 78PE99

La Bibliothèque

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

La Bibliothèque, Inv. GE321

La bibliothèque en feu

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

La bibliothèque en feu, Inv. 79PE96

La Rue, Le Soir

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

La Rue, Le Soir, Inv. 78PE105

L'aire du vent

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

L'aire du vent, Inv. PE102

Landgrave

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

Landgrave, Inv. PE103

L'Aqueduc (O Aqueduto)

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

L'Aqueduc (O Aqueduto), Inv. 86PE95

Le Héros ou Le Héraut

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

Le Héros ou Le Héraut, Inv. 78PE100

L'oranger

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

L'oranger, Inv. 78PE101


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

João Pedro Garcia (ao centro), Emílio Rui Vilar (à dir.)

Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 05368

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, lista de obras para efeitos de seguro, apólices de seguro, orçamentos, material para o catálogo, maqueta do catálogo, comunicado de imprensa, convite, folheto, recortes de imprensa. 2006 – 2008


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