Craigie Horsfield. Relation

50.º Aniversário da Fundação Calouste Gulbenkian

A exposição itinerante do artista britânico Craigie Horsfield (1949) resultou da colaboração entre o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, a Galerie Nationale du Jeu de Paume e o Museum of Contemporary Art, contando com a curadoria de Régis Durand e Véronique Dablin. Foram apresentadas cerca de 200 fotografias do artista.
Travelling exhibition of work by British artist Craige Horsfield (1949) resulting from a collaboration between the Modern Art Centre of the Calouste Gulbenkian Foundation, the Galerie National du Jeu de Paume, and the Museum of Contemporary Art. The show, curated by Régis Durand and Véronique Dablin, featured 200 of the artist’s photographs.

Exposição itinerante do artista inglês Craigie Horsfield (1949), organizada por iniciativa da Galerie Nationale du Jeu de Paume, em Paris, em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian – através do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP) – e com o Museum of Contemporary Art de Sydney.

A exposição foi apresentada no Jeu de Paume entre janeiro e abril de 2006; no CAMJAP, de julho a outubro de 2006; e no Museum of Contemporary Art, de março a junho de 2007. O crítico de arte Régis Durand e a diretora de exposições do Jeu de Paume, Véronique Dablin, asseguraram a curadoria das três edições da mostra. Em Lisboa, a exposição fez parte de um vasto conjunto de iniciativas ligadas às comemorações do 50.º aniversário da Fundação Calouste Gulbenkian, que decorreram ao longo do ano de 2006.

Craigie Horsfield estudou pintura e fotografia em Londres. As suas fortes convicções socialistas levaram-no a viver durante sete anos (de 1972 a 1979) na cidade de Cracóvia (na Polónia), onde desenvolveu alguns dos temas mais recorrentes da sua produção fotográfica, nomeadamente a arquitetura e o elemento humano. Regressa a Londres em 1979, mas só a partir de 1988, com as primeiras exposições (em Cambridge e Londres), Horsfield ganhará visibilidade na cena artística contemporânea. Tem desenvolvido, por toda a Europa, projetos que não se restringem à fotografia, incorporando no seu trabalho «áreas tão distintas como o cinema, teatro, instalação, performance, dança, vídeo, som, música, live mixing e propostas urbanas e arquitectónicas» (Crua, «Craigie Horsfield», mai. 2010).

Durante a década de 90, Horsfield desempenhou um papel crucial no desenvolvimento da arte social e dos projetos coletivos, defendendo a centralidade do público no entendimento dos museus. Para Craigie Horsfield, «a obra de arte não é nem um objecto nem um produto da arte, mas sim um acto constitutivo do facto de estarmos em conjunto, de compreendermos os outros e nós próprios. Esta concepção pressupõe uma leitura alargada dos processos artísticos que, contudo, em nada diminui os objectos artísticos e o significado destes» (Craigie Horsfield. Relation [folha de sala], 2006, Arquivos Gulbenkian, ID: 179908).

Sobre os processos de trabalho do artista, escreveu Ana Vasconcelos: «A impressão da imagem a preto e branco, num grande formato quadrangular […], com destruição do negativo, estabelece […] os principais termos do seu invulgar trabalho fotográfico […]. Horsfield inova igualmente no modo de exposição das suas fotografias, recorrendo por vezes a projecções de imagens em múltiplos ecrãs e à utilização de som, o que lhe permite criar instalações fotográficas.» (Vasconcelos, «Craigie Horsfield», mai. 2010)

Ainda de acordo com Ana Vasconcelos: «Os seus retratos procuram captar a tensão entre a consciência da individualidade dos retratados e o facto de pertencerem a uma trama social, a um corpo colectivo. O indivíduo surge neles enquanto sujeito discreto, anónimo, mas não massificado.» (Ibid.) E, aludindo aos trabalhos realizados em Cracóvia, a autora refere: «[…] o seu trabalho fotográfico revelava o interesse por um novo paradigma social que dá prioridade à vida privada, às “histórias de vida”, baseando a sua concepção de humanidade na atenção dada ao indivíduo isolado.» (Ibid.)

Com o intuito de apresentar a obra diversificada de Craigie Horsfield, os curadores da exposição pretenderam criar as bases para o entendimento transversal dos seus projetos complexos e significativos, reunindo, pela primeira vez, o conjunto de trabalhos e ideias de Horsfield, que até então só eram conhecidos e apreciados em separado, ou divididos em categorias, como fotografia, projetos sociais, filmes e trabalho de som. A exposição pretendeu, assim, mostrar a coerência e as relações de uma obra multidisciplinar, abarcando um período de mais de trinta e cinco anos.

O projeto incluiu cerca de 200 fotografias, realizadas entre os anos de 1969 e 2006. A obra Leszek Mierwa, ul. Nawojki, Cracóvia, August 1984 (Inv. 94FE46), do acervo da coleção do Centro de Arte Moderna, integrou a exposição e as respetivas itinerâncias.

O percurso expositivo foi organizado em torno de três núcleos: «Fotografias», «Projectos sociais: trabalhos com som e filme» e «Gravuras e desenhos». No primeiro núcleo foi mostrado um grupo de fotografias a preto-e-branco em grande formato, justapostas, que refletem a «premente investigação de Horsfield sobre o conceito de separação oposto à noção de relação» (Craigie Horsfield. Relation [folha de sala], 2006, Arquivos Gulbenkian, ID: 179908).

No núcleo «Projectos sociais», a exposição não visou a síntese destes muitos e complexos projetos e áreas, mas, sim, descrever alguns dos elementos da obra e das ideias do artista, ao mesmo tempo que indicou ligações possíveis a outros recursos existentes. As obras expostas incluíram retratos e paisagens extraídos de alguns dos mais relevantes projetos sociais do artista: The City of the People (1993-1996), The Rotterdam Conversation (1997-1998), The Middelburg Soundwork (2001), entre outros.

Em «Gravuras e desenhos», as imagens recolhidas são pequenas obras em papel, na sua maioria coloridas. Neste núcleo foi também exibida a série Irresponsible Drawings (2003-2005), que integra desenhos, colagens, fotografias a preto-e-branco e a cores, fotogravuras e monotipos referentes a naturezas-mortas. As imagens representam a relação entre vegetais e flores e a entropia.

Como programação complementar à exposição, durante o período em que esta esteve patente foram organizadas diversas visitas guiadas.

O extenso catálogo da exposição, coeditado pelas três instituições organizadoras (em edição inglesa com tradução para português), inclui textos da autoria de Carol Armstrong, Slavoj Žižek e David Ebony. São igualmente incluídas três conversas do artista, tidas com Carol Armstrong, Bracha L. Ettinger e Serge Guilbaut. A monografia contém ainda a biografia de Horsfield, a lista completa das obras apresentadas e as respetivas reproduções.

Joana Brito, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Leszek Mierwa, ul. Nawojki, Kraków, August 1984

Craigie Horsfield (1949-)

Leszek Mierwa, ul. Nawojki, Kraków, August 1984, Inv. 94FE46


Publicações


Fotografias


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00545

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna: pedidos de empréstimos e seguro das obras. 2005 – 2007

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00824

Pasta com o processo de aquisição de uma fotografia de Craigie Horsfield para a coleção do Centro de Arte Moderna. 1993 – 1993

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00833

Pasta com o processo de aquisição de uma fotografia de Craigie Horsfield para a coleção do Centro de Arte Moderna. 1994 – 1994

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 111115

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAM, Lisboa) 2006


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