Vieira da Silva. Exposição Comemorativa dos 80 Anos

Grande exposição comemorativa do 80.º aniversário de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992). Apresentaram-se 95 trabalhos, de 1931 a 1988, provenientes de diversas coleções públicas e privadas, organizados em torno de quatro grandes temáticas: cenografia; memória dos azulejos; as formas e as cores como partitura musical; a densidade e a transparência das cores.
Major exhibition commemorating the 80th birthday of Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992). The display comprised 95 works produced between 1931 and 1988 from a variety of public and private collections organised around four main themes: scenography; reminiscence of Portuguese tiles (azulejos); forms and colours as music scores; the density and transparency of colours.

A exposição inaugurou a 13 de junho de 1988, na Galeria de Exposições Temporárias (piso 0) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), assinalando o 80.º aniversário de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), numa homenagem da Fundação à pintora portuguesa. Neste mesmo dia, Vieira da Silva foi condecorada pelo presidente da República, Mário Soares, com a Ordem da Liberdade.

Organizada conjuntamente pelo Centro de Arte Moderna da FCG e pelo Centre des Arts Plastiques do Ministério da Cultura e Comunicação de França, a exposição reuniu 95 trabalhos, datados de 1931 a 1988, provenientes de diversas coleções públicas e privadas da Europa e dos Estados Unidos da América. Quer no espaço museográfico, quer no catálogo, os trabalhos foram organizados de acordo com os quatro grandes temas da obra de Vieira da Silva, que nesta exposição se intitularam: «cenografia»; «memória dos azulejos ou a visão prismática do mundo»; «as formas e as cores como partitura musical»; «a densidade e a transparência das cores».

Complementarmente à exposição, foi exibido o filme Ma Femme Chamada Bicho, de José Álvaro Morais (1943-2004), em sessões duplas, diárias. Realizado em 1978, trata-se de um documentário biográfico sobre o casal Vieira da Silva e Arpad Szenes.

Além da homenagem à pintora, e segundo o artigo publicado no jornal O Dia, a exposição visou «incitar à descoberta da obra multifacetada de Maria Helena Vieira da Silva e à complexidade que envolve a elaboração das suas obras» («Exposição da pintora Maria Helena Vieira da Silva», O Dia, 10 jun. 1988).

A exposição foi largamente assinalada na imprensa nacional, com artigos, reportagens e entrevistas à pintora. José Luís Porfírio, no jornal Expresso, faz uma leitura do espaço museográfico e das quatro abordagens da obra de Vieira da Silva patentes na exposição, não deixando de apontar que «o efeito da acumulação de uma grande densidade de obras ajuda a que nenhuma delas tenha o seu próprio espaço e que não viva aqui plenamente uma relação sensível com o espectador, já que é imediatamente incomodada pela obra do lado, independentemente da sua qualidade» (Porfírio, Expresso, 25 jun. 1988).

A crítica foi partilhada por João Pinharanda, no Jornal de Letras: «Orientada por técnicos do Grand Palais, a montagem revela-se demasiado pesada para a possibilidade de eleger percursos no interior da exposição, dificultando circuitos e relações privilegiadas e acentuando fundamentalmente aquele pendor que percorre toda a obra da artista: o da retoma sucessiva das suas questões plásticas, o da reprodução, de tela para tela, de série para série, das linhas recorrentes do seu universo visual.» (Pinharanda, JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias, 21 jun. 1988)

A exposição teve uma grande afluência, somando cerca de 60 mil visitas até ao dia 9 de agosto de 1988, o que justificaria que, ao invés de encerrar a 21 de agosto conforme previsto (data em que totalizou 72 200 visitas), se prolongasse por mais sete dias, até 28 daquele mês.

 

Entre 22 de setembro e 21 de novembro do mesmo ano, a exposição esteve patente no Grand Palais, em Paris. Até esta data, apenas três pintores se podiam orgulhar de ter exposto individualmente naquele espaço: Maurice Estève, Édouard Pignon e Pablo Picasso.

Carolina Gouveia Matias, 2018

The exhibition opened on 13 June 1988 at the Calouste Gulbenkian Foundation's (FCG) Temporary Exhibitions Gallery (Lower Ground Floor) to celebrate the 80th birthday of Maria Helena Vieira da Silva (Lisbon, Portugal 1908 - Paris, France 1992) in an homage to the Portuguese painter by the Foundation. That same day, Vieira da Silva was awarded the Order of Freedom by President of the Republic Mário Soares, who told the A Capital newspaper, with regard to the painter's exhibition: "We are very pleased to be here now to see and appreciate this beautiful retrospective exhibition of Vieira da Silva (Soares, A Capital, 14 Jun. 1988).
Jointly organised by the FCG's Modern Art Centre (CAM) and the French Ministry of Culture and Communication's Centre des Arts Plastiques, the exhibition comprised 95 pieces dating from 1931 to 1988 originating from several public and private collections in Europe and the United States. For the catalogue and the exhibition itself, the pieces were organised into four large themed groups of Vieira da Silva's scenography; memories of tiles or a prismatic view of the world; shapes and colours as music scores; density and transparency of colours.
As a complement to the exhibition, the film Ma Femme chamada Bicho by José Álvaro Morais (1943-2004) was shown twice a day. This is a biographic documentary made in 1978 about the couple Vieira da Silva and Arpad Szenes.
As well as paying homage to the painter, the exhibition aimed, according to an article in the O Dia newspaper, "to encourage a discovery of Maria Helena Vieira da Silva's multifaceted work and the complexity that the production of her work involves" ("Exposição da pintora Maria Helena Vieira da Silva", O Dia, 10 Jun. 1988).
The exhibition was widely advertised in the Portuguese press and several reports on and interviews with Vieira da Silva were published. Among the articles discussing the exhibition, one piece José Luís Porfírio wrote for the Expresso newspaper interprets the museum space and the four approaches to all of Vieira da Silva's work explored by the exhibition. Porfírio criticised the excessive number of pieces, stating that it underestimates the scale and monumental size of the canvases: "but also the effect of accumulating a large number of works means that none of them has its own space and does not fully experience a sensitive relationship with the viewer, since each one is bothered by the piece alongside it, regardless of its quality" (Porfírio, Expresso, 25 Jun. 1988).
This criticism was shared by João Pinharanda in the Jornal de Letras: "Guided by technical staff from the Grand Palais, the set-up of the exhibition is too heavy to provide a chance to select paths through the exhibition, making it harder to create favoured routes and relationships and fundamentally highlighting the trend that runs throughout the artist's work: successive returns to issues of plasticity, reproduction, from canvas to canvas, from series to series, of recurring lines in her visual world" (Pinharanda, Jornal de Letras, Artes e Ideias, 21 Jun. 1988).
The exhibition saw a large number of visitors roughly 60,000 by to 9 August 1988 leading it to be extended, closing on 28 August rather than on the 21st. The exhibition was seen by 72,200 visitors by 21 August.
The exhibition was put on at the Grand Palais in Paris from 22 September to 21 November. Only three painters had been given individual exhibitions here before Vieira da Silva Maurice Èsteve (1904-2001), Edouard Pignon (1905-1993) and Pablo Picasso (1881-1973) which demonstrates the huge importance of this homage to Maria Helena Vieira da Silva.

Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

La bibliothèque en feu

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

La bibliothèque en feu, Inv. 79PE96

La Rue, Le Soir

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

La Rue, Le Soir, Inv. 78PE105

Landgrave

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

Landgrave, Inv. PE103

Les Degrés

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

Les Degrés, Inv. PE98

La bibliothèque en feu

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

La bibliothèque en feu, Inv. 79PE96

La Rue, Le Soir

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

La Rue, Le Soir, Inv. 78PE105

Landgrave

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

Landgrave, Inv. PE103

Les Degrés

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

Les Degrés, Inv. PE98


Eventos Paralelos

Exibição audiovisual

Ma Femme Chamada Bicho

12 mai 1988 – 15 out 1990
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Hall
Lisboa, Portugal
Concerto

[Vieira da Silva. Exposição Comemorativa dos 80 Anos]

13 jun 1988
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede
Lisboa, Portugal
Cerimónia oficial

Condecoração de Maria Helena Vieira da Silva

13 jun 1988
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Salão de Honra
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Condecoração de Maria Helena Vieira da Silva. Roberto Gulbenkian (atrás), Maria Helena Vieira da Silva, José de Azeredo Perdigão, Madalena de Azeredo Perdigão, Maria Barroso e o presidente da República Portuguesa, Mário Soares (da esq. para a dir.)
Condecoração de Maria Helena Vieira da Silva
Condecoração de Maria Helena Vieira da Silva. Maria Helena Vieira da Silva (ao centro)
Maria Helena Vieira da Silva (ao centro), José de Azeredo Perdigão e Mário Soares, presidente da República Portuguesa, (à dir.) e Madalena de Azeredo Perdigão e Maria Barroso (à esq.)
Maria Helena Vieira da Silva
Maria Helena Vieira da Silva e José de Azeredo Perdigão
Madalena de Azeredo Perdigão, Maria Helena Vieira da Silva e José de Azeredo Perdigão

Multimédia


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00123

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, orçamentos e recortes de imprensa. 1987 – 1988

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00124

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, orçamentos, material para o catálogo e formulários de empréstimo de obras. 1987 – 1990

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00125

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém formulários de empréstimo de obras para a exposição. 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0488-D01374

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02201

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1988


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