Arpad Szenes e Vieira da Silva nas Colecções Portuguesas

Budapest Spring Festival European Cultural Month

Exposição organizada no âmbito das iniciativas «Budapest Spring Festival European Cultural Month» e Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura, que visaram promover o diálogo intercultural entre Portugal e a Hungria. Foram expostos desenhos e pinturas do casal Vieira da Silva (1908-1992) e Arpad Szenes (1897-1985), oriundos destes dois países, respetivamente.
Iconography and document exhibition organised by the Music Department of the Calouste Gulbenkian Foundation. The show marked the twentieth anniversary of the death of Portuguese composer Luís de Freitas Branco (1890-1955), bringing together several items from Branco’s life.

Exposição de pinturas e desenhos de Arpad Szenes (1897-1985) e Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) em coleções portuguesas, com organização da Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura e do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com a municipalidade de Budapeste (Hungria), sob o patrocínio do Conselho Europeu e da UNESCO. A mostra esteve inserida nas iniciativas do «Mês Cultural Europeu».

Estas iniciativas tinham como objetivo promover o intercâmbio e o diálogo cultural entre países-membros da União Europeia (UE) e países que ainda não integravam a UE, como era o caso da Hungria.

Como observou o presidente da Lisboa 94, Vítor Constâncio, a pertinência e ajuste desta iniciativa enquadrava-se nos objetivos subjacentes de reencontro entre os dois países: «Apesar do percurso internacional de ambos os pintores, a obra do casal Arpad Szenes e Vieira da Silva reflecte abundantemente a influência dos seus países de origem e é, por isso mesmo, um elemento significativo das respectivas culturas.» (Arpad Szenes e Vieira da Silva nas Colecções Portuguesas, 1994)

Os programadores da exposição, José Sommer Ribeiro e Ivonne Felman Cunha Rego, salientaram a forma como as raízes de ambos os artistas tiveram impacto nas suas obras, e, ressalvando a condição necessariamente lacunar da mostra, apresentaram os objetivos fundamentais da sua escolha, que visava «dar uma panorâmica da evolução da obra dos dois pintores» a partir das obras pertencentes a coleções portuguesas.

Ainda no ano de 1992, Simonetta Luz Afonso, coordenadora das exposições da Lisboa Capital Europeia da Cultura (1994), convidou José Sommer Ribeiro, diretor do CAM, para assegurar o comissariado desta exposição, que se inseria na programação das atividades do «Budapest Spring Festival European Cultural Month». Para ajudar nesta tarefa, foi pedida a colaboração a Guy Weelen, historiador, secretário e amigo do casal Arpad-Vieira, com o qual aquele privara de perto durante cerca de trinta anos.

Ao circunscrever a seleção às coleções portuguesas, os comissários evitavam as inevitáveis demoras e pedidos de cedências de obras a vários museus e colecionadores internacionais, bem como as elevadas despesas associadas a seguros e transportes. Além destas questões logísticas e económicas, na opinião dos organizadores a qualidade das obras existentes em coleções portuguesas garantia, por si só, a realização de uma «excelente exposição» (Ofício sobre a planificação da exposição em Budapeste, 24 set. 1993, Arquivos Gulbenkian, CAM 00346).

A mostra foi apresentada no Museu Histórico de Budapeste e contou com 49 obras de Arpad Szenes e 33 de Vieira da Silva. Embora assentes em cronologias e percursos artísticos distintos, as obras de Arpad Szenes e de Vieira da Silva evidenciavam interesses comuns, como refere Guy Weelen: «Diferentes como eram em características e não menos distintos em aparência, Arpad e Vieira da Silva viram-se, apesar disso, obcecados ao longo de toda a sua obra por um mesmo problema: o espaço. Como traduzi-lo de um modo vivo e contemporâneo? Como exprimir o movimento e, mais concretamente no caso de Vieira, o tempo necessário para se realizar? A esta reflexão de base há que acrescentar um amor muito profundo pela luz que ele, Arpad, descobria nos impressionistas, em primeira linha Monet, e que Vieira da Silva detectava nas telas contemporâneas de Bonnard.» (Arpad Szenes e Vieira da Silva nas Colecções Portuguesas, 1994)

Em sentido inverso, postas em diálogo, as obras de ambos permitiam perceber a autonomia e a evolução que um e outro foram experimentando ao longo dos anos, bem como as características que conferiram originalidade aos seus percursos artísticos e os destacaram na história da pintura europeia.

Numa edição bilingue, em húngaro e português, o catálogo incluía a biografia dos dois artistas, o texto introdutório de Guy Weelen e reproduções a cores das obras em exposição.

Neste mesmo ano de 1994, José Sommer Ribeiro deixaria a direção do CAM para passar a assumir a direção da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, cumprindo assim os desígnios da própria Maria Helena Vieira da Silva, que anos antes manifestara esse desejo.

Filipa Coimbra, 2018

This exhibition of paintings and drawings by Árpád Szenes (1897 - 1985) and Maria Helena Vieira da Silva (1908 - 1992) belonging to Portuguese collections, was organized on the occasion of the European Cultural Month by the European Capital of Culture - Lisbon 94 and by the Modern Art Centre (CAM) of the Calouste Gulbenkian Foundation (FCG), in collaboration with the municipality of Budapest (Hungary). The event was sponsored by the European Council and the UNESCO.

The aim of these initiatives was to promote the cultural exchange and dialogue between the Member States of the European Union (EU) and countries that were not yet part of the EU, as was the case of Hungary.

As noted by the President of Lisboa 94, Vítor Constâncio, the relevance and adequacy of this initiative fitted in with the underlying objectives of the reunion between the two countries: "Despite the international career of both painters, the work of the couple Árpád Szenes and Vieira da Silva reflects abundantly the influence of their countries of origin and therefore, it is a significant element of their respective cultures" (Arpad Szenes e Vieira da Silva nas Colecções Portuguesas, 1994). The exhibition also fulfilled the purpose of promoting the work of two important figures in the panorama of the history of plastic arts in Europe.

Besides emphasizing how the roots of both artists had an impact in their works, some of which featured in the exhibition, the curators of the exhibition, José Sommer Ribeiro and Ivonne Felman Cunha Rego also presented the fundamental objectives of their choice which was the necessity to "give an overview of the evolution of the work of both painters" based on the works belonging to Portuguese collections. In this sense, the exhibition could never be exhaustive, but perhaps incomplete.

Still in 1992, Simonetta Luz Afonso, Coordinator of the Exhibitions of Lisbon European Capital of Culture (1994), invited José Sommer Ribeiro, Director of the CAM to be the commissioner of this exhibition, which was included in the Budapest Spring Festival European Cultural Month program.  To help carry out this task, a collaboration of Guy Weelen was requested, a historian, secretary and friend of the Árpád/Vieira couple, with whom he lived closely for nearly thirty years.

While limiting the selection of the works to Portuguese collections, the commissioners avoided the inevitable delays and the requests of artworks to various museums and international collectors, as well as the high expenses with insurances and transport costs. In addition to these logistic and economic questions, in the opinion of the organizers, the sheer quality of both Árpád Szenes and Vieira da Silva works belonging to Portuguese collections assured an "excellent exhibition" (Letter on the planning of the exhibition in Budapest, 24 set. 1993, Gulbenkian Archives, CAM 00346)

The exhibition was presented in the Budapest History Museum and featured 49 works of Árpád Szenes and 33 works of Vieira da Silva. Although they were based on distinct chronologies and artistic journeys, in the works of Árpád Szenes and Vieira da Silva one could find common interests. As stated by Guy Weelen: "Different as they were in characteristics and not less distinct in appearance, Árpád and Vieira da Silva found themselves obsessed throughout their work with the same problem: space. How can we translate it in a vivid and contemporary way? How can we express the movement and, more specifically in the case of Vieira, the time required to achieve it? To this fundamental reflection, it must be added a very deep love for the light that he, Árpád, discovered in the impressionists, firstly Monet, and which Vieira da Silva sensed in the contemporary canvas of Bonnard" (Árpád Szenes e Vieira da Silva nas Coleções Portuguesas, 1994)

On the other hand, in dialogue, the works of both artists allowed to understand the autonomy and the evolution each one experienced over the years, as well as the characteristics that made their artistic journeys original, standing out in the history of European painting.

In a bilingual edition, in Hungarian and Portuguese, the catalogue included a biography of both artists, the introductory text of Guy Weelen and the colored reproductions of the exhibited works.

In that same year of 1994, José Sommer Ribeiro left the direction of CAM to become the first Director of the Árpád Szenes and Vieira da Silva Museum, fulfilling the request made years earlier by Maria Helena Vieira da Silva herself.


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Portrait de Vieira

Arpad Szenes (1897-1985)

Portrait de Vieira, 1948 / Inv. PE94

La bibliothèque en feu

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

La bibliothèque en feu, Inv. 79PE96

La Table Ronde

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

La Table Ronde, Inv. 78PE108


Eventos Paralelos


Publicações


Multimédia


Documentação


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00346

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém plantas, lista de obras, empréstimos, seguros, ofícios internos, correspondência recebida e expedida, elementos para o catálogo. 1992 – 1994


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