Hábito. Memórias a Oriente. António Conceição Jr.

Exposição-projeto individual de António Conceição Júnior, que aliava a componente antropológica à interpretação artística dos trajes tradicionais da Índia, da China, da Tailândia e do Japão. Foram apresentados tecidos e ornamentos que remetiam para os seus contextos de origem, a par de criações contemporâneas neles inspiradas.
Solo exhibition/project by António Conceição Júnior aligning a retrospective component in the exhibition with his artistic interpretation of traditional clothing from India, China, Thailand and Japan. The show presented materials and ornaments reminiscent of their contexts and origins, side-by-side with the contemporary creations that they had inspired.

Exposição-projeto do artista, criador de moda e designer de exposições António Conceição Júnior (1951), a convite de José Sommer Ribeiro, na sequência do desfile de moda apresentado na primavera de 1990, no âmbito da «Quinzena de Macau».

As motivações para este convite seriam explicitadas por Sommer Ribeiro no texto que escreve para o catálogo: «Nas diversas viagens que tenho feito a Macau, tive a oportunidade de apreciar a sua múltipla actividade no campo das artes visuais e da museografia. […] O que para mim foi uma revelação é a sua excepcional qualidade como criador de moda. […] Assim convidei o artista a realizar uma exposição na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna que aliás é a primeira exposição individual que fazemos no campo do traje.» (Hábito. Memórias a Oriente…, 1991)

No ano anterior, o Centro de Arte Moderna, conjuntamente com o Museu Calouste Gulbenkian e com a colaboração do Museu Nacional do Traje, tinha organizado uma exposição coletiva intitulada «Traje: Um objecto de arte?», que confrontava peças históricas de vestuário e pesquisas de wearable art desenvolvidas por artistas contemporâneos brasileiros, norte-americanos, italianos, alemães e portugueses. Com esta mostra, parece ter sido inaugurada uma nova linha programática do CAM, que abria a instituição ao design de moda e a artistas que trabalhavam com têxteis.

O projeto proposto por António Conceição Júnior aliava uma componente antropológica a uma interpretação artística. Durante uma viagem ao Sudeste Asiático, António Conceição Júnior faz uma recolha de têxteis da China, do Japão, da Índia e do antigo Reino do Sião, desenvolvendo uma pesquisa dos diferentes modos de trajar de tais culturas.

A exposição dividia-se em três momentos: «o tecido e o seu elogio», «o tecido e a arquitectura arbitrária que lhe destinei» e «o traje e a sua conjugação-reconstrução» (Hábito. Memórias do Oriente… [projeto de exposição], 1991, Arquivos Gulbenkian, CAM 00070).

O primeiro momento consistia na observação cuidada dos tecidos selecionados, suas combinações de cores, diferentes técnicas usadas e padrões criados. Cada tecido tinha um corpo e uma história, desde o linho e da seda crua, ao brocado de seda, passando pela organza metálica ou pela seda lavrada. As criações de António Conceição Júnior resultavam do cruzamento de memórias suscitadas pelos tecidos com outras realidades e vivências do presente. Como o próprio afirma: «Reporto-me às memórias e à tradição do modo de envolver o corpo com um outro, feito de sedas, de musselinas, de brocados.» (Carta de António Conceição Junior para José Sommer Ribeiro, 2 mai. 1991, Arquivos Gulbenkian, CAM 00070)

O destino de cada tecido ao ser transformado em traje ou hábito era o tema da segunda parte da exposição. A construção, a «arquitetura» de cada traje – desde o kimono chinês ao sari indiano, passando pelos figurinos do teatro Kabuki – pedia determinado tecido, pelas suas qualidades. António Conceição Júnior procura precisamente, através das suas criações, fugir aos lugares-comuns, desafiar os limites de tais tecidos, criando novas formas a que eles não estavam «acostumados», mas que continuavam a evocar o Oriente.

O trabalho de «conjugação-reconstrução» é dado a conhecer através de trajes, ou «hábitos», usando a terminologia do autor, expostos em suportes desenhados pelo próprio. Tais criações eram complementadas por acessórios escolhidos pelo artista, como colares, pulseiras, punhais, cintos, tailandeses e indianos, tendo sido ainda solicitado ao Museu de Marinha o empréstimo de uma espada japonesa com bainha em marfim trabalhado.

Esta exposição foi acompanhada por um catálogo com o design gráfico da autoria de António Conceição Júnior, cuja edição contou com um patrocínio do Banco Nacional Ultramarino.

Mariana Roquette Teixeira, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Documentação


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 0070

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, lista de obras para efeitos de seguro, lista de convidados de António Conceição Jr., material para o catálogo, desenhos de equipamento museográfico, convite. 1991 – 1991

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM-S005/01/01-P0112-D02599

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1991

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM-S005/01/01-P0112-D02600

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1991


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