Macau. Passado Presente. Confluência de Culturas

Quinzena de Macau na Rota do Oriente

Exposição apresentada no âmbito do festival «Quinzena de Macau», que realizou diversas atividades em vários pontos de Lisboa. Comissariada por António Conceição Júnior, a inauguração contou com a presença de José de Azeredo Perdigão e de inúmeras personalidades da vida política e cultural macaense.
Exhibition, curated by António Conceição Júnior, forming part of the “Quinzena de Macau” (“Macau Fortnight”) festival, which featured a variety of activities staged throughout Lisbon. José de Azeredo Perdigão, in addition to several other Macanese political and cultural figures, attended the show’s opening.

A exposição «Macau. Passado Presente. Confluência de Culturas» inaugurou a 23 de maio de 1990 na Galeria de Exposições Temporárias (piso 01) da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), inserindo-se num conjunto de atividades a que se deu o nome de «Quinzena de Macau». Este festival, realizado em vários pontos de Lisboa entre 21 de maio e 5 de junho de 1990, contemplou a inauguração de exposições, como a intitulada «Artistas Contemporâneos de Macau», patente no Centro de Arte Moderna da FCG, bem como concertos, danças tradicionais e conferências, e mesas-redondas subordinadas ao património arquitetónico macaense.

Este conjunto de atividades teve origem na visita do governador de Macau à FCG, de que resultou um acordo para a realização das exposições «Macau: Século XIX e XX» (mais tarde renomeada «Macau. Passado Presente. Confluência de Culturas») e «Artistas Contemporâneos de Macau». A inauguração da primeira exposição seria ainda marcada por uma conferência proferida pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira.

A inauguração da exposição contou com a presença de Carlos Melancia, governador de Macau, José de Azeredo Perdigão, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, e ainda do presidente da Assembleia Legislativa de Macau, de deputados do território e de inúmeras personalidades da vida política e cultural macaense.

A exposição foi comissariada por António Conceição Júnior, que se inspirou na fotografia do filme O Último Imperador, de Bernardo Bertolucci, «naquilo que tem de cénico, de teatral», para o projeto curatorial (Carta de António Conceição Júnior para José Sommer Ribeiro, mar. 1990, Arquivos Gulbenkian, SEM 00437).

A museografia contemplou cerca de 50 manequins, dispostos numa «ambiência muito densa, quer em matéria de fundo, todo preto, quer em matéria de iluminação, que tornaria os "personagens" semi velados», evocando aspetos da religião e da vida social macaense desde o século XVI até ao presente (Ibid.).

«Macau. Passado Presente» procurou dar a conhecer a história de Macau, repartindo-a por vários núcleos ao longo do percurso expositivo. No núcleo introdutório podiam ver-se manequins em trajes cedidos pelo Teatro Nacional, representando um jesuíta, um general do século XVI, um militar do século XVI e um grupo de três pescadores.

No núcleo seguinte, dedicado à «Miscigenação», os visitantes deparavam com uma cena de rua disposta em pequenos quadros cénicos figurando vários tipos e situações sociais, como um bispo a ser carregado num palanquim ou figuras em passeio protegidas por um guarda-sol, todos envergando trajes tradicionais chineses.

Seguia-se o núcleo intitulado «Costumes Chineses», no qual eram representadas diversas práticas e tradições, como os jogos tradicionais, a alimentação (numa pequena tenda tradicional), a medicina chinesa ou a adivinhação.

O núcleo «Religiões Chinesas» encenava um casamento tradicional e a oferenda de incenso. Para este núcleo, António Conceição Júnior pediu uma autorização especial com vista a permitir que se acendessem velas e incenso, «uma vez que os cheiros contemplariam a informação» (Ibid.).

A última parte da exposição era dedicada ao quotidiano macaense, dividindo-se em dois núcleos: «Os Macaenses: o Património» e «Os Macaenses: Vida Quotidiana». Estes espaços continham uma instalação de slides iluminados por trás e uma cena de lazer constituída por uma pequena tertúlia literária, um par de dançarinos e diversos elementos de uma tuna macaense.

No âmbito da exposição, além da conferência proferida por Álvaro Siza Vieira na inauguração, dedicada à arquitetura macaense dos séculos XIX e XX, teriam igualmente lugar uma mesa-redonda subordinada ao tema «Património Arquitectónico de Macau», em que participaram os arquitetos Siza Viera, Fernando Távora, Manuel Vicente, Carlos Marreiros e Helena Vaz da Silva, e uma conferência proferida pelo governador de Macau, Carlos Melancia, seguida de um debate moderado por Vítor de Sá Machado, em que participaram José Fraústo da Silva e Pedro Pires de Miranda.

Tanto a exposição como as restantes atividades do festival foram divulgadas na imprensa nacional, que chamou a atenção para a especificidade do património macaense e para a confluência de culturas que ela representa.

Segundo o jornal Correio da Manhã, José de Azeredo Perdigão, presidente da FCG, considerou esta exposição «tecnicamente perfeita» («Trajes e memórias mostram Macau em Lisboa», Correio da Manhã, 25 mai. 1990).

Carolina Gouveia Matias, 2018


Ficha Técnica


Eventos Paralelos

Concerto

Orquestra Chinesa de Macau

30 mai 1990
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal
Conferência / Palestra

Macau. Século XIX e XX

23 mai 1990
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 2
Lisboa, Portugal
Mesa-redonda / Debate / Conversa

Património Arquitectónico de Macau

26 mai 1990
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Mesa-redonda / Debate / Conversa

Macau. Na Rota do Oriente

5 jun 1990
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 2
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Mesa-redonda «Património Arquitectónico de Macau»
José de Azeredo Perdigão (à dir.)
José de Azeredo Perdigão e José Sommer Ribeiro ( ao centro)
José de Azeredo Perdigão e José Sommer Ribeiro ( ao centro)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00180

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa. 1990 – 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00437

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convites, orçamentos, correspondência interna e externa e recortes de imprensa. 1990 – 1990

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00178

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa e informações sobre a conferência de Álvaro Siza Vieira. 1990 – 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02267

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02268

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02268

Coleção fotográfica, cor: Mesa-Redonda (FCG, Lisboa) 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0260-D00825

2 diapositivos cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0260-D00826

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0260-D00827

Coleção fotográfica p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0260-D01064

1 prova, cor: objetos (FCG, Lisboa) 1990


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