A exposição «Artistas Contemporâneos de Macau» inaugurou na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian a 29 de maio de 1990, apresentando o trabalho de nove artistas sediados em Macau.

Surgiu no âmbito da «Quinzena de Macau. Na Rota do Oriente», festival realizado em vários pontos de Lisboa entre os dias 21 de maio e 5 de junho de 1990, com organização da Missão de Macau em Lisboa, festival esse que incluiu a inauguração de exposições como «Macau na Rota do Oriente. Passado Presente, Confluência de Culturas», patente na Fundação Calouste Gulbenkian, bem como concertos, danças tradicionais e mesas-redondas.

«Artistas Contemporâneos de Macau» foi comissariada por António Conceição Júnior e pretendeu dar a conhecer «o que, em matéria de interculturação, um português pode ser em Macau, ou como a transfiguração do olhar ocidental se ligou ao universo plástico chinês» (Artistas Contemporâneos de Macau, 1990).

A exposição foi organizada pelo Núcleo de Pintura Contemporânea do Círculo dos Amigos da Cultura de Macau, presidido por Carlos Marreiros, que, no texto de apresentação do catálogo da exposição, afirmou o interesse em expor em Lisboa um conjunto de trabalhos que refletisse a produção artística macaense mais recente, caracterizada por uma pluralidade de origens geográficas, gerações e formações académicas.

Neste texto, Carlos Marreiros quis ainda destacar dois aspetos essenciais da exposição: «a reflexão que a problemática do entrosamento Ocidente-Oriente promove, no geral, ou, mais localizadamente, a vivência intercultural luso-chinesa e a sua consequente transliteração para uma pintura mestiça, que procura entender o fenómeno da mestiçagem em toda a sua abrangência e trazê-lo para a tela, sem facilitismos demagógicos e imediatos e assumindo tanto filosofias como técnicas e materiais próprios das duas socioculturas primaciais em presença» (Artistas Contemporâneos de Macau, 1990).

Carolina Gouveia Matias, 2018