Ideias de proximidade em tempo de distanciamento
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Como é que uma astronauta vê o mundo depois de o observar a partir do espaço? Como criar equilíbrio entre o individual e o geral, o local e o global? A distância aproxima ou afasta? Cria solidariedades? Une ou distancia perante a adversidade de uma pandemia ou de um desafio climático?
No ano em que a pandemia impediu a realização, em Portugal, da Noite das Ideias, a Fundação Calouste Gulbenkian, o Institut Français du Portugal e a Embaixada de França convidam a refletir sobre a proximidade em tempo de distanciamento.
No palco do Grande Auditório ou através das plataformas digitais da Fundação poderá ouvir, entre outros oradores portugueses e franceses, a médica, astronauta e ex-ministra Claudie Haigneré, o ex-vice-primeiro ministro Paulo Portas, o sociólogo Michel Wieviorka em diálogo com o físico nuclear João Caraça ou a conversa entre as filósofas (ambas especialistas em ética ambiental) Catherine Larrère e Sofia Guedes Vaz.
Outros diálogos se seguirão, na área da ciência, das relações externas, da solidariedade, da filosofia, do ambiente ou do ativismo, mas sempre com a mesmo tema em vista: esta crise pandémica, que nos forçou a um maior distanciamento, fez-nos sentir mais próximos uns dos outros?
PROGRAMA
Devido às restrições sanitárias, o acesso à tradução simultânea é feito através do seu dispositivo móvel. A Fundação Calouste Gulbenkian não disponibilizará recetores de tradução. Traga os seus auriculares.
GRANDE AUDITÓRIO / TRANSMISSÃO ONLINE
16:30 – 17:00 Um olhar à distância, da estação espacial ao planeta Terra
Claudie Haigneré conversa com Sara Sá
17:00 – 17:30 O individual e o geral, o local e o global
Paulo Portas
17:30 – 18:00 Crise da liberdade?
Michel Wieviorka e João Caraça
Moderação: Miguel Magalhães
TRANSMISSÃO ONLINE
18:00 – 18:30 Que solidariedade(s) em tempo de pandemia?
Jacques Ould Aoudia e Francisca Gorjão Henriques
Moderação: Vasco Trigo
18:30 – 19:00 A proximidade perante o desafio climático
Catherine Larrère e Sofia Guedes Vaz
Moderação: Vincent Brignol
19:00 – 19:30 Unidos na diversidade: o lema da UE será um desejo piedoso?
Samuel Grzybowski e Mirali Jamnadas
Moderação: Vasco Trigo
19:30 – 19:50 Concerto 2 Pianos
Mário Laginha e Pedro Burmester tocam Debussy e Ravel
ORADORES
Médica e cientista, astronauta ex-ministra.
Após estudar medicina, Claudie Haigneré foi selecionada como candidata a astronauta em 1985 pelo Centre national d'études spatiales (CNES). Após completar uma tese de doutoramento em neurociência, tornou-se responsável pelos programas de fisiologia e medicina espacial antes de partir para formação na Rússia, em 1992.
Voou em duas missões espaciais (em 1996 a bordo do MIR e em 2001 na ISS). É a única mulher astronauta em França e a primeira europeia a aderir à Estação Espacial Internacional. Entrou para a ESA (Agência Espacial Europeia) em 1999.
Envolveu-se depois na política e tornou-se Ministra da Ciência e das Novas Tecnologias (2002-2004) e Ministra para os Assuntos Europeus (2004-2005).
Em 2009, foi nomeada Presidente da Universcience, instituição pública resultante da fusão do Palais de la Découverte e da Cité des Sciences et de l'Industrie (equivalente a Ciência Viva), cargo que ocupou até 2015, quando regressou à Agência Espacial Europeia (ESA) como conselheira do Diretor-Geral para a política espacial europeia e exploração espacial tripulada
Paulo Portas é licenciado em Direito pela Universidade Católica Portuguesa. Começou aos 15 anos no jornalismo. Fundou, com Miguel Esteves Cardoso, O Independente.
Fez política. Eleito deputado durante 8 mandatos, foi o mais jovem e o mais duradouro líder de partidos democráticos (16 anos como Presidente do CDS-PP). Ministro da Defesa, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Vice-Primeiro-Ministro. Voltou ao setor privado em 2016. É Vice-Presidente da Câmara de Comércio (CCIP), empresário (Vinciamo Consulting), consultor (Mota Engil América Latina), professor de Geo-Economics and International Relations na Nova SBE e universidades em Espanha, Emirados Árabes Unidos, China e, ainda, autor do programa Global, todos os domingos na TVI.
Sociólogo, é especialista em movimentos sociais, violência, terrorismo e racismo, bem como em globalização e multiculturalismo.
A sua sociologia introduz uma perspetiva que tem em conta a globalização, a construção individual e a subjetividade dos atores. Através do seu trabalho inicial sobre os movimentos de consumidores nos anos 70, desenvolveu a sociologia da ação, que o levou a estudar temas como o racismo, a violência, o antissemitismo e o terrorismo, o qual lhe valeu o reconhecimento internacional.
Antigo diretor de estudos da EHESS (École des Hautes Études en Sciences Sociales), foi também presidente da Associação Sociológica Internacional (2006-2010), administrador da Fondation Maison des Sciences de l'Homme (2009-2020) e membro do Conselho Científico do Conselho Europeu de Investigação no âmbito do programa Horizonte2020. Desde 2019, pertence ao Conselho Científico da DILCRAH (Delegação interministerial para a luta contra o racismo, o anti-semitismo e o ódio anti-LGBT).
Doutorado em Física Nuclear (Oxford) e Agregado em Física (Lisboa), João Caraça é Consultor do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi Diretor da Delegação em França da Fundação (2012-2016) e Diretor do Serviço de Ciência da Fundação (1988-2012). Foi ainda membro do Conselho Diretivo do EIT-Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (2008-2012). Integra o Comité de Direção do Fórum Europeu de Filantropia e Ciência. Foi Presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra (2017-2020).
Professor catedrático convidado do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa coordenou, entre outras funções, o Mestrado em Economia e Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação (1990-2003).
Foi Consultor para a Ciência do Presidente da República de 1996 a 2006 e é autor de mais de duas centenas de trabalhos científicos. Foi Presidente do Conselho
Consultivo da COTEC – Associação Empresarial para a Inovação (2003-2011). Os seus interesses centram-se nas áreas das políticas de ciência e de inovação, da prospetiva e da história do pensamento e da cultura.
Tem várias obras publicadas.
Administrador da associação "Migrations et développement" (M&D), Jacques Ould Aoudia é um investigador independente em economia política de desenvolvimento.
Até 2011, foi gestor de projetos no Ministério das Finanças – na Direction de la Prévision e depois na Diretion Générale du Trésor.
Em 2003, aderiu à Associação Migrations & Développement (M&D), criada em 1986 por migrantes marroquinos residentes no Sul de França com o objetivo de realizar ações de desenvolvimento nas aldeias da sua região de origem – o Atlas e o Anti-Atlas – atingida por uma grave seca desde meados da década de 1970.
Desde então, M&D tem continuado a promover intercâmbios entre as duas margens do Mediterrâneo, apoiando programas de desenvolvimento sustentável e solidário nas regiões de Souss-Massa e Drâa Tafilalet, no centro-sul de Marrocos. A associação tem por objetivo reforçar os laços sociais, o empenho num novo modelo de desenvolvimento que responda ao desafio climático e que aproxime os países de acolhimento e os países de origem.
A M&D pretende concentrar a sua ação em áreas onde os parceiros são particularmente dinâmicos e os líderes locais reúnem à sua volta atores públicos e privados de uma forma inclusiva. É a partir das energias locais, do desejo de mudança dos atores que a M&D leva a cabo as suas ações.
Francisca Gorjão Henriques é licenciada em Ciências de Comunicação e tem uma pós-graduação em Jornalismo de Política Internacional. Trabalhou 20 anos no Público, sobretudo como redatora da secção Mundo, cobrindo questões asiáticas e tendo feito várias séries de reportagens na China, Macau, Japão e Índia. Editou a Revista 2, o suplemento de domingo e foi redatora do suplemento Fugas, escrevendo principalmente sobre gastronomia.
Em 2017, deixou o Público para se dedicar à Associação Pão a Pão, da qual é presidente. A Pão a Pão é uma ONGD que desenvolveu um modelo de integração pioneiro em Portugal, criando um restaurante, o Mezze, que dá formação e emprego a refugiados do Médio Oriente. Reconhecido como um exemplo de inclusão social, o projeto foi distinguido com vários prémios. A Pão a Pão criou ainda o Mão-Cheia, um restaurante para promover o envelhecimento ativo e a partilha intergeracional através da cozinha. Atualmente, está a desenvolver um modelo de restaurante-Escola para potenciar o acesso de imigrantes ao mercado de trabalho através de formação certificada.
Apesar de ter deixado o Público, não deixou o jornalismo, mantendo várias colaborações como freelance.
Professora jubilada na Universidade de Paris I- Panthéon - Sorbonne, é especialista em filosofia moral e política e mais particularmente no pensamento de Montesquieu.
Desde 1992, interessa-se também pela ética ambiental, examinando a relação entre a ação humana, a natureza e os seres vivos. Contribuiu para a introdução deste campo de investigação em França, sobretudo nos temas que têm a ver com a da proteção da natureza, a prevenção de riscos e a justiça ambiental.
Coescreve regularmente com o seu marido, o agrónomo e ecologista Raphaël Larrère, destacando-se: Du bon usage de la nature. Pour une philosophie de l'environnement (1997); Penser et agir avec la nature. Une enquête philosophique (2015) ou ainda Le Pire n'est pas certain: Essai sur l'aveuglement catastrophiste (2020).
Sofia Guedes Vaz tem trabalhado em diversos organismos, públicos e privados, nacionais e internacionais, na área do ambiente. A sua formação académica, que começou em engenharia e acabou em filosofia do ambiente, deu-lhe uma perspectiva interdisciplinar e uma compreensão abrangente do tema.
Academicamente, o seu interesse encontra-se na interface entre ambiente e filosofia, com especial incidência em ética ambiental. Como comunicar melhor sobre temas ambientais é uma das suas paixões, tendo feito parte dos Cientistas de Pé, um grupo que comunica ciência através de stand up comedy e fez ainda uma caminhada solitária de Lisboa ao Porto, falando todos os dias na TSF sobre ambiente.
Tem diversos tipos publicações, todas ligadas ao tema do ambiente, nomeadamente livros, artigos científicos, capítulos em livros e livros de informação científica. Atualmente é Presidente da Sociedade de Ética Ambiental (SEA).
Ativista comunitário e empresário social, é o fundador do Coexister (2009), movimento juvenil inter-religioso, e actual presidente do Coexister Europa.
Licenciado em Sciences Po Paris e em História em Paris I - Panthéon-Sorbonne, criou, aos 20 anos, o programa Interfaith Tour, que envia, de dois em dois anos, quatro jovens de todas as convicções darem a volta ao mundo para identificarem as melhores iniciativas relacionadas com inter-religiões e inter-convições ao serviço da paz.
Em 2015, aos 23 anos, fundou a Convivência, que se assume como uma empresa de consultoria e formação que tem por objetivo dar assistência a empresas públicas ou privadas na gestão da diversidade, do facto religioso e da laicidade.
É autor de 3 livros sobre o diálogo inter-religioso: Tous les chemins mènent à l'autre. Chronique d'un tour du monde inter-religieux; Manifeste pour une coexistence active e Fraternité Radicale.
Vencedor de vários prémios – Empreendedor Social do Ano (Ashoka International, 2016), Jovem Líder Emergente (Departamento de Estado Americano, 2016) e Melhor Influenciador Positivo (Twitter, 2016).
É Gestora de Projetos de Franchising Social do projeto social SPEAK, ao qual se juntou em setembro de 2019. Ingressou no ecossistema de impacto social com 2,5 anos de experiência nas áreas de vendas estratégicas e gestão de marcas na multinacional Procter & Gamble e numa startup ligada ao setor da saúde sediada em Viena.
Mestre em Gestão internacional, com especialização em Estratégia e Consultoria, pela Católica Lisbon School of Business and Economics, participou no programa do Global Social Entrepreneurship Institute, financiado pelo U.S. Department of State, como uma das 20 jovens líderes estudantis europeias, tornando-se depois aluna do programa Fulbright.