Petrarca e Boccaccio
Pioneiros do Humanismo italiano na Coleção Gulbenkian
Slider de Eventos
Data
- Encerra à Terça
Local
Museu Calouste GulbenkianPreço
- 10,00 €
Numa citação epistolar, Francesco Petrarca manifesta a Giovanni Boccaccio a sua satisfação por ter recebido, em Veneza, em 1366, um exemplar da Ilíada, que este lhe enviou: «…a chegada de Homero encheu de alegria todos os Latinos e os Gregos da biblioteca…» (Rerum senilium libri, VI, 2). Onze anos antes, Boccaccio ofereceu a Petrarca uma cópia manuscrita em latim dos Comentários aos Salmos de Santo Agostinho, de acordo com uma inscrição no primeiro volume.
Através destes envios e da correspondência que trocaram, percebemos que ambos os escritores italianos contribuíram, no final da Idade Média, para o nascimento da cultura humanista, que procurava recuperar os autores da Antiguidade grega e romana, assim como o legado primitivo da tradição cristã, a partir de uma (re)leitura dos Padres da Igreja. Este Humanismo, que viria a alimentar o Renascimento dos séculos XV e XVI, foi o ponto de partida para novos questionamentos sobre a relação entre Homem e Deus, que atravessam a Idade Moderna.
Assinalando o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, que se celebra a 23 de abril – e também os 720 anos do nascimento e 650 anos da morte de Petrarca –, o Museu organiza uma mostra em torno destes dois escritores. Expõem-se os livros da sua autoria que Calouste Gulbenkian adquiriu, motivado também pela riqueza das encadernações ou ilustrações.
![Mestre de Bedford ou assistente, «Giovanni Boccaccio apresenta o seu livro a Joana, rainha de Nápoles», fol. 5r. Giovanni Boccaccio, «Des Cleres et Nobles Femmes», tradução em francês de Laurent de Premierfait (?). Paris, c. 1410-1415. Manuscrito sobre pergaminho. Museu Calouste Gulbenkian.](https://cdn.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/sites/5/2024/06/boccaccio-01-6.jpg)
![Francesco d’Antonio del Chierico, «Apolo e Dafne», fol. 11r. Francesco Petrarca, «Rerum Vulgarium Fragmenta (RVF), Triumphi». Florença, c. 1468-1470. Manuscrito sobre pergaminho. Museu Calouste Gulbenkian.](https://cdn.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/sites/5/2024/06/boccaccio-02-2.jpg)
![Francesco Petrarca, «[Opera] Librorum Francisci Petrarche Impressorum Annotatio». Venetiis [Veneza]: Andree Torresani de Asula per Simonem de Luere, 1501. Encadernação parisiense em marroquim, c. 1550. Museu Calouste Gulbenkian.](https://cdn.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/sites/5/2024/06/boccaccio-03.jpg)
![Francesco Petrarca, «Il Petrarcha con l’espositione di M. Gio. Andrea Gesualdo…». Venetia: Appresso Alessandro Griffio, 1581. Ilustrado com gravuras sobre madeira. Museu Calouste Gulbenkian.](https://cdn.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/sites/5/2024/06/boccaccio-04.jpg)
![Giovanni Boccaccio, «Il Decamerone di M. Giovanni Boccaccio». Londra [Paris]: [Prault], 1757-1761, tomo II («Giornata terza, novella prima»). Ilustração concebida por Hubert-François Gravelot e gravada por Nöel Le Mire. Museu Calouste Gulbenkian.](https://cdn.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/sites/5/2024/06/boccaccio-05.jpg)
![Giovanni Boccaccio, «Le Decameron de Jean Boccace». Tradução em francês (1545) de Antoine-Jean Le Maçon. Londres [Paris]: [Prault], 1757-1761, tome II («Quatrième journée»). Ilustração concebida por François Boucher e gravada por Jean-Jacques Flipart. Museu Calouste Gulbenkian.](https://cdn.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/sites/5/2024/06/boccaccio-06.jpg)
![Jean de La Fontaine, «Contes et nouvelles en vers, par M. de La Fontaine». À Amsterdam [Paris]: [s.n.], 1762, [2 volumes], tome I. Ilustrado com composições de Charles Eisen e de Pierre-Philippe Choffard, executadas a água-forte por Choffard e outros gravadores. Museu Calouste Gulbenkian.](https://cdn.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/sites/5/2024/06/boccaccio-07.jpg)
![Jacques Aliamet, segundo Jean-Honoré Fragonard. Cena galante publicada como ilustração do conto «A Femme Avare, Galant Escroc», incluída em «Contes et nouvelles en vers», par Jean de La Fontaine. Paris: De l' Imprimerie de P. Didot l' Aîné, 1795, tome premier. França, século XVIII. Água-forte sobre papel. Museu Calouste Gulbenkian.](https://cdn.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/sites/5/2024/06/boccaccio-08.jpg)
Apresentada em duas vitrinas do Museu, esta exposição constitui-se como uma ocasião para refletir sobre a forma como as obras de Petrarca e Boccaccio foram consideradas e ilustradas em dois períodos históricos: no Renascimento, época de transição do manuscrito iluminado para o livro impresso; e no século XVIII, marcado pelo imaginário da libertinagem e da festa galante.