Histórias difíceis, legados difíceis
Como ensinar e falar sobre escravatura e comércio transatlântico de escravos
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Sala do Foyer (Piso 1) Fundação Calouste GulbenkianPreço
50% – Situação de desemprego (mediante apresentação de documento comprovativo no momento da atividade, emitido há menos de 6 meses num dos seguintes idiomas: português, inglês, francês e espanhol).
Esta formação teórico-prática de uma semana tem como objetivo formar professores, mediadores de museus e outros profissionais da área educativa na abordagem de histórias difíceis, tais como o tráfico transatlântico de escravos. Focando-se na apresentação de elementos históricos que contextualizam o papel de Portugal no comércio de escravos, esta formação destaca os importantes legados desse comércio, desconstruindo alguns preconceitos ainda enraizados na memória pública portuguesa.
Criada e ministrada pelo Slave Wrecks Project (projeto dedicado à investigação da história da escravatura, tráfico de escravos e seus legados) em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian, esta formação terá a participação de académicos portugueses e norte-americanos cujo trabalho se tem destacado pela investigação deste tópico e respetivas abordagens pedagógicas, de forma inclusiva e equitativa.
A formação contará com workshops dirigidos pela coordenação técnica do curso e académicos convidados, destinados a refletir sobre os atuais programas escolares, e apresentar abordagens alternativas com base em histórias específicas de pessoas escravizadas, lugares, comerciantes, e navios, com a intenção de humanizar e materializar essas histórias.
A formação incluirá também uma visita ao Museu de História Natural e Ciência da Universidade de Lisboa e outros espaços públicos de Lisboa para identificar e refletir em conjunto sobre a visibilidade ou invisibilidade da história da escravidão na memória pública e nos seus espaços.
Adicionalmente, o curso contará com uma formação de um dia em Storymaps (ArcGIS), ministrada pela ESRI, com o principal objetivo de fornecer aos professores ferramentas e técnicas pedagógicas que poderão depois ser utilizadas nas salas de aula.
Cada semana de formação terminará com uma conversa aberta ao público (5 e 11 de julho), no auditório 3, onde participarão os académicos convidados.
O curso destina-se especialmente a professores de História do ensino básico – do 5.º ao 9.º anos de escolaridade. No entanto, professores de outras disciplinas e níveis de ensino podem participar, assim como profissionais das áreas pedagógicas de museus. Tem a duração de 1 semana, de segunda a sexta-feira, das 10:00 às 17:30, com intervalo das 13:00 às 14:30.
Será lecionado maioritariamente em português (PT), com duas sessões em inglês (EN) com tradução simultânea. O bilhete do curso inclui a formação em Storymaps e entrada nos museus. Os participantes devem assegurar a deslocação e refeições.
Esta formação é apoiada pela Embaixada dos Estados Unidos da América em Lisboa, e tem a colaboração do Museu de História Natural e Ciência da Universidade de Lisboa, e do Museu de Lisboa.
Este curso é creditado através do Centro de Formação Prof. João Soares.
Biografias
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Daina Ramey Berry
A Professora Berry é reitora da escola Michael Douglas de Humanidades e Artes da Universidade da Califórnia, Santa Bárbara. É historiadora, especialista em género e escravatura, assim como história das mulheres negras nos EUA. É autora/editora de seis livros premiados, incluindo A Black Women’s History of the United States (em coautoria com Kali Nicole Gross) sobre a resistência das mulheres negras ao racismo e sexismo sistémicos. Para além do ensino universitário, a Professora Berry é das consultoras mais procuradas para apoio em projectos museológicos, e iniciativas educacionais.
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Candra Flanagan
Flanagan é diretora no Departamento de Educação do Museu Nacional Smithsonian de História e Cultura Afro-Americanas, em Washington DC. Gere o desenvolvimento da programação e recursos incorporando a experiência Afro-Americana na história, investiga e cria publicações educativas para uso do público geral e educadores, bem como cria estratégias que envolvem o museu no desenvolvimento profissional de educadores. Flanagan tem diversas publicações em revistas académicas da especialidade e tem-se dedicado a criar iniciativas para educadores, apropriadas para alunos até ao 12º ano.
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Cristina Roldão
Doutorada em sociologia, investigadora do ISCTE-IUL e docente da Escola Superior de Educação de Setúbal. Tem participado no debate público sobre o racismo na escola e sociedade portuguesa. Foi membro da comissão organizadora da 7ª Conferência Internacional Afroeuropeans (2019) e da coordenação do Roteiro para uma Educação Antirracista da ESE/IPS. É cronista do Público e fez parte dos Grupos de Trabalho sobre o Plano Nacional de Combate ao Racismo e Recolha de Dados Étnico-raciais nos Censos 2021. É coautora do livro: Tribuna Negra: Origens do Movimento Negro em Portugal (1911-1933).
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Raquel Machaqueiro
Doutorada em antropologia pela George Washington University, a sua pesquisa abrange tópicos relacionados com desenvolvimento internacional, criação de políticas, direitos humanos, estudos de ciência e tecnologia, e a escravatura transatlântica. Com trabalho de campo no Brasil e Moçambique, faz actualmente parte do Slave Wrecks Project onde desenvolve pesquisa sobre a relação entre o tráfico de escravos e o mundo financeiro português. Dá aulas de Desenvolvimento Internacional, e Direitos Humanos e Ética na George Washington University. É autora do livro The Carbon Calculation.
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Stephen Lubkemann
Doutorado em antropologia, Lubkemann é professor na George Washington University. Com trabalho de campo na África lusófona e Libéria, a sua pesquisa foca-se sobretudo nas alterações sociais e políticas em países afetados por conflitos e violência prolongados, mas também em migrações, refugiados e diásporas, desenvolvimento internacional e ação humanitária. Enquanto arqueólogo, dedica-se ao património cultural e arqueologia marinha. É editor associado da revista Anthropological Quarterly, co-fundador do Diaspora Research and Policy Program, e fundador do Slave Wrecks Project.
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Víctor Barros
Víctor Barros é Historiador, doutorado em Estudos Contemporâneos pela Universidade de Coimbra com uma tese sobre comemorações, usos públicos da história e memória do império nas colónias durante o Estado Novo português (1933-1974), distinguida com o Prémio Internacional de Investigação Histórica Agostinho Neto. Autor do livro Campos de Concentração em Cabo Verde, distinguido com uma Menção Honrosa no Prémio de História Contemporânea Vitor de Sá, em 2008. É investigador contratado no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.
Programa
01 jul / 10:00 – 17:30
02 jul / 10:00 – 17:30
03 jul / 10:00 – 17:30
04 jul / 10:00 – 17:30
05 jul / 10:00 – 17:30
06 jul / 10:00 – 17:30
08 jul / 10:00 – 17:30
09 jul / 10:00 – 17:30
10 jul / 10:00 – 17:30
11 jul / 10:00 – 17:30
12 jul / 10:00 – 17:30
13 jul / 10:00 – 17:30
Ficha técnica
Coordenação
Raquel Machaqueiro
Stephen Lubkemann
Convidados semana I
Cristina Roldão, Escola Superior de Educação de Setúbal
Daina Berry (via zoom), Universidade da Califórnia, Santa Bárbara
Convidados da semana II
Víctor Barros, FCSH, Universidade Nova de Lisboa
Candra Flanagan, Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americanas, Instituto Smithsonian