Quatro artistas dos PALOP estarão em residência Hangar/Gulbenkian
Os quatro artistas foram selecionados de um total de 68 candidaturas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique ou São Tomé e Príncipe, recebidas ao longo da open call que decorreu entre 18 de junho e 18 de julho.
Carla Rebelo (São Tomé e Príncipe) é uma artista visual autodidata que vive e trabalha em Barcelona, explorando processos de construção identitária através da fotografia, arquivo, vídeo e texto. Para a artista e curadora moçambicana Carina Capitine, o corpo, a natureza e a sensualidade são palco para a materialização da sua imaginação, e a arte é o motor para dar voz às vivências de comunidades marginalizadas.
Wyssolela Moreira vive e trabalha entre Luanda (Angola) e Toronto (Canadá) como artista multidisciplinar e diretora de arte, utilizando a colagem mixed-media, escrita, fotografia, instalação, têxteis, videoarte e performance para explorar as complexidades de um “Eu” influenciado pela normatividade neocolonial. Por sua vez, o cabo-verdiano Yuran Henrique explora o potencial de materiais como tecidos, aço e pigmentos para a criação das suas obras, promovendo reflexões sobre perceção, representação e formas hegemónicas de conhecimento.
O projeto “Affective Ecologies” convida um grupo de artistas para desenvolver intercâmbios artísticos durante duas semanas, num formato de residência artística intensiva, no Hangar – Centro de Investigação Artística, em Lisboa, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. O programa da residência assenta num modelo de colaboração, orientado para a criação de modelos de ação e reflexão sobre processos criativos e artísticos, que pretende, também, potenciar a projeção internacional dos artistas participantes.
Os resultados da residência serão apresentados no dia 16 de outubro, no CAM, no âmbito de um programa público com curadoria de Cindy Sissokho, Paula Nascimento e Monica de Miranda. Este programa consiste num espaço de reflexões sobre o pensamento de Amílcar Cabral através de pesquisas, leituras, performances e palestras de artistas.
No ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril e da democracia portuguesa, “Affective Ecologies” lembra os contributos de Amílcar Cabral e a sua voz singular nas revoluções anticoloniais, afirmações culturais africanas, libertação nacional e resistência, convidando à reflexão sobre a importância da arte e da cultura para o desenvolvimento, numa abordagem sustentável e comunitária.
Imagem: © Odju, 2022, de Yuran Henrique