Brotéria vence Prémio Gulbenkian Património 2024

A intervenção contempla inventariação, preservação, restauro e disponibilização pública da biblioteca e do Fundo do Livro Antigo da Brotéria. Menções honrosas para projetos em Lisboa, Coimbra e Funchal.
09 set 2024

O Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva deste ano é atribuído ao Projeto Biblioteca da Brotéria – Limpeza, Higienização e Restauro do Livro. A proposta de candidatura, apresentada pela Brotéria – Associação Cultural e Científica, destacou-se pela “metodologia exemplar para a inventariação, preservação, restauro e disponibilização pública” deste precioso fundo bibliográfico.

O acervo bibliográfico da Brotéria foi sendo reunido ao longo dos últimos 100 anos, integrando atualmente cerca de 160 mil volumes –  90 mil títulos pertencentes ao Fundo Geral, perto de 4 mil ao Fundo de Livro Antigo (publicados até ao ano de 1800, inclusive) e cerca de 65 mil periódicos – dedicados às seguintes temáticas de História da Companhia de Jesus, Filosofia, História, História da Igreja, Teologia, Patrística, ou Sociologia Política, mas ainda (no caso do Fundo de Livro Antigo) Liturgia, Sermonística, Lexicografia, Gramática, Matemática, Astronomia, Pedagogia.

A intervenção implicou não só a limpeza e estabilização de todos os volumes, como também o restauro, por profissionais especializados, das espécies em estado de conservação mais crítico. O projeto contempla ainda o estímulo à investigação científica, ao gosto pela leitura e ao debate de ideias, designadamente através da disponibilização dos espólios bibliográficos de vários investigadores, o acesso digital a fundos documentais do Arquivo Romano da Companhia de Jesus e ao Fundo “Jesuítas na Ásia” da Biblioteca da Ajuda, a abertura gratuita da biblioteca ao público e uma intensa programação que inclui cursos, palestras, mesas-redondas e exposições.

Por fim, o Júri, composto por António Lamas (Presidente), Gonçalo Byrne, Raquel Henriques da Silva, Rui Vieira Nery e Santiago Macias, considerou que este projeto contribui ainda “para a consolidação local de um importante polo de dinamização cultural que, por sua vez, se articula com a rede envolvente de instituições congéneres” – nomeadamente o Palácio, a Igreja e o Museu de São Roque, o Museu do Chiado, os teatros de São Carlos, São Luiz e Trindade, a Faculdade de Belas Artes e o Conservatório Nacional. 

Três Menções Honrosas

Face à qualidade dos 20 projetos candidatos, provenientes de norte a sul do país, o júri do Prémio propôs ainda ao Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian a atribuição de menções honrosas aos projetos de recuperação do Palácio de São Roque – Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo (Lisboa), de reabilitação do Seminário Maior de Coimbra e de reabilitação e restauro do Convento de Santa Clara, no Funchal.

Palácio de São Roque – Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo, Lisboa

Em avançado estado de degradação, o Palácio de São Roque foi distinguido pelo processo de restauro, reabilitação e reuso, que passou pela recuperação da integridade palaciana do edifício – propriedade da Santa Casa da Misericórdia, em pleno Chiado – e pela adaptação do edifício às necessidades de um novo museu, aberto à cidade – Casa Ásia, que expõe a coleção de arte asiática de Francisco Capelo.

O júri salientou ainda o envolvimento, neste projeto, de 12 equipas especializadas, bem como a parceria entre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com o colecionador Francisco Capelo e a articulação com a dinâmica cultural do Chiado e Bairro Alto.

Seminário Maior de Coimbra

Esta peça do barroco português, classificada como monumento nacional, foi alvo de um ambicioso plano de conservação e modernização, de forma a adequar as instalações às exigências contemporâneas.

Enquanto decorrem várias frentes de trabalho (nomeadamente o estudo, conservação e restauro da diversidade das coleções móveis e da livraria), o Seminário Maior, integrado na malha urbana de Coimbra, abriu-se à cidade, com um programa de visitas guiadas que se estendem ao jardim, aberto sobre o rio Mondego, e a disponibilização de alguns quartos intervencionados ao turismo religioso e académico.

O júri considerou que, a par da relevância do edifício e da sua história, o modo de atuar no seu estudo, restauro e abertura aos públicos cumpre, com distinção, orientações atuais no domínio da salvaguarda e valorização de patrimónios históricos.

Convento de Santa Clara, Funchal

A forma rápida como se iniciou a edificação do Convento de Santa Clara, no final do século XV, e o modo como foi engrandecido, reflete o poderio económico da donataria do Funchal. Classificado como Monumento Nacional em 1943, o Convento beneficiou, ao longo dos tempos, de diversas campanhas de obras.

O júri quis distinguir, nesta intervenção de reabilitação e restauro levada a cabo por equipas de várias especialidades, a cuidada e minuciosa investigação, recolha e reposição no local de origem de materiais dispersos; a conservação e restauro de pintura, escultura, talha dourada e azulejos; a criação de um renovado percurso de visita; a engenhosa forma de exposição do altar-mor, que terá estado desmontado durante mais de 200 anos; e a permanência no local de uma creche, ela própria o objeto de trabalhos de melhoramento, numa interessante convivência entre o Património e a importância social de um equipamento destinado aos mais novos.

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