Os Homens do Presidente
Ciclo de cinema / out a dez 2024
Entre outubro e dezembro, a Fundação Calouste Gulbenkian apresenta o ciclo de cinema «Os Homens do Presidente», que propõe uma reflexão sobre a democracia nos Estados Unidos da América.
Com curadoria de Pedro Mexia, o ciclo apresenta oito filmes, realizados entre as décadas de 1930 e 2010, que sugerem diferentes perspetivas sobre o processo eleitoral e legislativo norte-americano.
O ciclo abre a 6 de outubro, no Grande Auditório, com uma conversa entre Pedro Mexia e Maria Filomena Molder, seguida do clássico de 1939 Mr. Smith Goes to Washington, realizado por Frank Capra. As restantes sessões terão lugar no Estúdio do recentemente renovado Centro de Arte Moderna.
Texto do curador
Alexis de Tocqueville observou que «podemos considerar o momento da eleição do presidente [dos Estados Unidos] como um momento de crise nacional». Longe da ideia da «festa de democracia», esta tese sugere que, estando em causa tantas fracturas, internas e externas, a democracia americana enfrenta, a cada eleição, uma ocasião crítica.
O cinema americano tem acompanhado com interesse e vivacidade essas ocasiões, entre o idealismo e o cinismo. O ciclo Os Homens do Presidente propõe oito olhares sobre o processo eleitoral ou legislativo dos Estados Unidos, do optimismo pessimista de Frank Capra em 1939 ao retrato sem comentários que Frederick Wiseman fez em 2018 da América profunda que levou, sem que quase ninguém o tivesse antecipado, à vitória de Trump.
Entre essas duas datas, veremos também a corrupção do poder em Robert Rossen, o candidato-celebridade em Elia Kazan, o macartismo em Emile de Antonio, as manobras políticas em Franklin J. Shaffner, o escândalo Watergate em Alan J. Pakula e a alegoria ao reaganismo em John Carpenter.
A sessão inaugural, com Peço a Palavra [Mr. Smith Goes to Washington], será antecedida de uma conversa com Maria Filomena Molder que interrogará uma hipótese formulada por J. Hoberman, crítico americano que tem estudado as relações entre cinema e política nos Estados Unidos: «um filme é político não apenas por aquilo que mostra, mas por aquilo que faz».
Pedro Mexia
