Leonor Antunes
da desigualdade constante dos dias de leonor*
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Data
- sáb,
- Encerra à Tuesday
Local
Mezanino Centro de Arte Moderna Gulbenkian Nave Centro de Arte Moderna GulbenkianPreço
- 8,00 € – 16,00 €
25% – Menores de 30
10% – Maiores de 65
Cartão Gulbenkian:
50% – Menores de 30
15% – Maiores de 65
Entrada gratuita para estudantes com Cartão Gulbenkian ao sábado, das 18:00 às 21:00.
Em duas galerias contíguas, Leonor Antunes (n. 1972) provoca um encontro entre a sua obra, uma intervenção concebida para a totalidade do espaço da nave, e as obras de três dezenas de artistas mulheres da Coleção do CAM apresentadas no mezanino, associando reciprocamente a sua prática e obra às obras e práticas destas artistas. Ver mapa da exposição
O título da exposição, que cita um desenho de Ana Hatherly da Coleção de 1972, o ano de nascimento de Leonor Antunes, é o mais «autobiográfico» do seu percurso. Leonor abre um campo de leitura sobre a vulnerabilidade do gesto criativo e da sua própria condição de artista, neste que é um regresso a Lisboa, a cidade onde nasceu, no contexto da sua primeira exposição individual no CAM.
Com um olhar sobre a Coleção, que valoriza as relações formais inesperadas e o diálogo e paridade entre as obras das artistas, numa cronologia que vai dos anos de 1930 até à atualidade, Leonor Antunes integra ainda trabalhos provenientes de empréstimos – os desenho-partituras da compositora Éliane Radigue, os objetos-têxteis de Guida Fonseca, a papeleira de Maria Keil e a obra de Emily Wardil em papel marmoreado – , ou provenientes de novas aquisições e novas encomendas com o trabalho de Isabel Carvalho e a «instalação ambiental» de Jota Mombaça no jardim, respetivamente. Libertando a parede longitudinal da galeria, deixada intencionalmente «crua», Leonor suspende as obras da Coleção em seis painéis ripados de madeira – voilettes – elemento escultórico que se repete nos dois pisos. Estes displays são uma reapropriação da fachada reticulada de Charlotte Perriand, concebida para a residência do embaixador japonês em Paris nos anos de 1960, enquanto revisitam as soluções de design moderno expositivo de Franco Albini/Franca Helg e Lina Bo Bardi, nomeadamente os icónicos cavaletes de vidro para a suspensão das obras da coleção do Museu de Arte de São Paulo (MASP) da autoria de Bo Bardi.
Na intervenção da nave, a artista negoceia simultaneamente com o espaço da galeria e com o contexto histórico do CAM, como nas esculturas suspensas realizadas a partir de obras de Ana Hatherly, que reencontramos na exposição da Coleção, ou da arquiteta britânica Sadie Speight, companheira e colega de Leslie Martin, que participou no projeto arquitetónico do edifício original do CAM, autoria nunca reconhecida. A partir do percurso de Speight e de uma trama de relações e analogias, Leonor convoca e nomeia nas suas esculturas outras figuras históricas do movimento moderno internacional, como Marian Pepler e Sophie Taeuber, para além das já mencionadas.
Num gesto unificador do espaço, Leonor concebe uma escultura de chão em cortiça de grandes dimensões, intitulada forty five, com embutidos de linóleo e latão, que transpõe um desenho modificado para um tapete de nós de Marian Pepler, designer têxtil britânica que colaborou com Speight. Reencontramos esta citação ao tapete de Marian Pepler nas esculturas-luminárias suspensas, realizadas em alumínio pintado e latão, que desenham no espaço da nave linhas verticais (duplicadas) e círculos (globos das lâmpadas), a única fonte de iluminação artificial da intervenção, que reforça a perceção sensorial e doméstica do espaço do museu.
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Biografias
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Leonor Antunes
Leonor Antunes (Lisboa, 1972) é uma artista portuguesa radicada em Berlim cuja prática se inspira em figuras que se destacaram na área da criação durante o século XX, sobretudo em protagonistas femininas. O seu trabalho começa por medir elementos da arquitetura e do design, utilizando depois estas medidas como unidades que podem ser traduzidas em escultura. Adotando o artesanato tradicional de todo o mundo, utiliza materiais como a corda, o couro, a cortiça, a madeira, o latão e a borracha para criar formas invulgares.
Textos dos curadores / artistas
Leonor Antunes
Parti de um grupo de trabalhos de algumas artistas mulheres da Coleção do CAM, destacando artistas afrodescendentes, às quais adicionei outras quatro obras que embora não pertençam à Coleção eram para mim importantes mostrar neste contexto: um móvel da Maria Keil, uma partitura de Éliane Radigue, um papel impresso de Emily Wardill e as tessituras da Guida Fonseca. Fiz um convite a Jota Mombaça, que realizou uma performance no Jardim Gulbenkian, e o resultado pode ser visto no lago, fazendo agora a peça de cerâmica parte da Coleção do CAM.
Deixei inacabada e em cru a parede longitudinal da galeria tal como foi deixada pelos trabalhadores que ergueram o novo CAM, funcionando para mim como um grande desenho no espaço. Nela foram colocadas três prateleiras, sendo que numa delas se encontra o desenho de Ana Hatherly, de 1972, que dá o nome à exposição.
Seis painéis de madeira, desenhados a partir de um mobiliário de Charlotte Perriand, realizado para a casa do embaixador japonês em Paris (1965), vão-se articulando pelo espaço, à semelhança das intervenções feitas por Franco Albini e Lina Bo Bardi nos anos de 1960, recebendo as obras em suspensão no espaço.
Na sala estão outros dois biombos atribuídos a Sadie Speight, arquiteta e esposa do arquiteto Leslie Martin, autor do edifício original do CAM, e que foram utilizados nas primeiras exposições que se fizeram neste espaço, em 1983.
A construção de um diálogo assente na paridade entre as obras, colocadas lado-a-lado, bem como as contaminações e porosidades que daí surgem são essenciais para a releitura destes trabalhos, recontextualizando-os, com tudo o que advém no «estar ao lado de» e «conviver com».
Ficha técnica
Curadoria
Leonor Antunes
Rita Fabiana
Imagem principal
© Nick Ash
Mecenas Exposição
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