Quando um cineasta mexe num museu…

… o que há de mostrar ao público? Descubra na exposição que abre no dia 20 com a curadoria do convidado deste verão: Joaquim Sapinho.
05 jul 2018

O convite do Museu Gulbenkian causou-lhe alguma surpresa. “Como é que sabiam da minha paixão secreta por museus? Ainda por cima, era o museu da minha infância, um modelo de museu para a minha vinda inteira”, conta o cineasta Joaquim Sapinho, recordando o momento em que foi desafiado a trazer outra realidade (a sua) para dentro do Museu Gulbenkian e a pôr as suas obras em diálogo, a ver as coisas como se ainda não tivessem sido vistas.

Sapinho mergulhou rapidamente nas suas memórias de infância e voltou a sentir-se criança ao entrar nas reservas da Coleção, “como no Tintim e os Charutos do Faraó, foi como ir à pirâmide descobrir os tesouros”. Encontrou “notícias incríveis de outros espaços, com ramificações infinitas”. O difícil foi, portanto, escolher e decidir o que fazer.

Decidiu-se ao ver a coleção de moedas de ouro gregas. “Gulbenkian manda fazer uma caixa para as guardar, com instruções muito precisas; depois manda fazer um estojo para a caixa, na Louis Vuitton. Todo este processo, esta obsessão de como guardar, mostra a sua inquietude da viagem. É a ideia de viagem nas obras que quero trazer para o Museu.”

Sapinho não abordará só a viagem física, mas também a viagem no tempo e no espaço, porque vê nas obras uma função de espelho: “Eu, parado com uma obra, viajo. Ao olhar para as moedas, imagino Gulbenkian a brincar com elas e a dar a mão a alguém na Grécia Antiga ou em Siracusa.” É esse efeito que o cineasta quer provocar no espectador; quer pô-lo a jogar um “jogo mediúnico”, em contacto com Calouste Sarkis Gulbenkian, como se “entrasse na sua pele”, e que através dele chegasse aos tempos e espaços para onde ele, através das peças de arte, conseguiu viajar.

A exposição “organizada” por Joaquim Sapinho começa com as imagens da inauguração da capela de S. Sarkis, em Londres, que Calouste mandou construir em memória dos seus pais e onde repousam as suas cinzas. As imagens foram captadas, em 1928, pela Pathé Filmes. Depois, bastará consultar os vários passaportes de Calouste Gulbenkian, entrar em contacto, “fazer as malas” e partir.

 

Convidado de Verão: Joaquim Sapinho 

20 de julho a 24 de setembro
Coleção Moderna
Quarta a segunda, das 10h00 às 18h00
Curadoria: Joaquim Sapinho

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