Campos da Matemática nos PALOP

O primeiro Campos da Matemática em São Tomé foi um sucesso. A iniciativa da Fundação, em parceria com o Ministério da Educação de São Tomé e Príncipe, promete continuar em 2020.
07 nov 2019

Isabel Hormigo e Joana Teles são ambas docentes de Matemática – do Ensino Básico e Superior, respetivamente – e membros da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM). Este ano, estiveram em São Tomé e Príncipe para participar na primeira edição do Campos da Matemática Gulbenkian, um projeto através do qual a Fundação Calouste Gulbenkian pretende estimular o gosto dos jovens pela disciplina e ajudá-los a atingir o seu máximo potencial nesta matéria.

De 2 a 13 de setembro, 39 alunos a iniciar o 10.º ano de escolaridade trabalharam com as professoras através de várias atividades educativas concebidas com o objetivo de estimular o gosto pela Matemática e promover a autoaprendizagem e o desenvolvimento de capacidades matemáticas. O grupo de estudantes, de diferentes estratos sociais, foi selecionado de um conjunto de 268 alunos de várias escolas e com classificação superior a 14 valores.

A experiência foi marcante para Isabel e Joana que, afirmam, “nunca tinham tido alunos assim”. Com cinco horas de aulas por dia, ao longo de duas semanas intensas de trabalho, a motivação e envolvimento inesgotáveis que encontraram nos alunos – “atentos, interessados, sempre com vontade de trabalhar” – foi a maior recompensa para as professoras, que procuraram aprofundar e revisitar os vários conteúdos dos currículos do Ensino Básico, ajudá-los a resolver problemas, comunicar raciocínios, ou resolver situações práticas em atividades de campo.

As professoras, que nunca tinham trabalhado juntas, mas já se aprontam para regressar no próximo ano, consideram o desafio superado e reconhecem que houve uma “clara evolução”, sobretudo junto dos alunos com mais dificuldades. Para Joana Teles, a realidade de lecionar em São Tomé é muito diferente daquela que vê em Portugal, não só pela ausência de condições materiais que por cá são garantidas, mas também pela forma como os estudantes encaram a escola e a Educação. “Aquilo que senti ali é que um professor faz mesmo a diferença”, diz Joana. “Todos reconheciam que a Matemática é algo que lhes pode ser muito útil para o futuro, e estavam a agarrar uma oportunidade que lhes está a ser dada. […] A importância que os alunos deram à escola, e àquelas duas semanas, foi impressionante. É uma experiência única.” Isabel Hormigo acrescenta ainda: “Há miúdos que nos disseram, no fim, que aquelas foram as suas duas melhores semanas de férias. Acho que isso diz tudo.”

A Fundação Calouste Gulbenkian, que organiza os Campos em parceria com o Ministério da Educação e Ensino Superior de São Tomé e Príncipe, conta com o apoio científico e pedagógico das Sociedade Portuguesa de Matemática e Sociedade São Tomense de Matemática. São ainda envolvidos professores locais, criando um grupo de estudo nesta disciplina e um acompanhamento prolongado dos alunos.

Com esta iniciativa, que se repetirá nos próximos anos, a Fundação Calouste Gulbenkian pretende reforçar a educação de qualidade em Matemática nos PALOP.

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