Papéis da Prisão de Luandino Vieira reunidos em arquivo digital

Criado com o apoio da Fundação Gulbenkian, o Acervo Digital reúne material inédito e será apresentado na presença do escritor e da equipa responsável pelo projeto.
27 mar 2023

Grande parte da obra ficcional de José Luandino Vieira foi escrita durante os 12 anos em que esteve preso, na sequência da sua atividade política a favor da independência de Angola. De 1961 a 1964 cumpriu pena em várias cadeias na cidade de Luanda e em 1964 foi enviado para o Campo de Trabalho de Chão Bom, Tarrafal, Cabo Verde, onde permaneceu até 1972, sendo posteriormente transferido para Lisboa em regime de residência fixa até 1974.

Durante o período em que esteve encarcerado, Luandino Vieira coligiu 17 cadernos compostos por anotações diarísticas, correspondência, postais e desenhos, cancioneiros populares, esboços literários e exercícios de tradução, ditos e textos em quimbundo, recortes jornalísticos e apontamentos. Este material corresponde a um total de 2000 folhas manuscritas, conservadas inéditas ao longo de 50 anos.

Com o financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, as páginas destes cadernos foram reunidas num livro intitulado Papéis da Prisão: apontamentos, diário, correspondência (1962-1971) publicado em 2015 pela Leya-Caminho.

Agora, após um exaustivo trabalho realizado por Margarida Calafate Ribeiro, Roberto Vecchi, Mónica V. Silva, Helena Rebelo e Nuno Simão Gonçalves, no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, todo este acervo ficará acessível para consulta pública num Arquivo Digital que será lançado no próximo dia 29 de março, na Fundação Gulbenkian. Este projeto contou igualmente com o financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian.

A abertura da sessão estará a cargo do administrador da Guilherme d’Oliveira Martins, seguindo-se uma apresentação do projeto pelos seus principais intervenientes. O programa inclui ainda uma conversa entre o escritor José Luandino Vieira e Roberto Vecchi, professor da Universidade de Bolonha, e a apresentação de um excerto do documentário sobre o escritor angolano realizado por Sandra Inês Cruz, jornalista e investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que apresentará o filme.

No final haverá uma sessão de autógrafos do livro Papéis da Prisão, que estará à venda na ocasião pela Editora Leya-Caminho.

Margarida Calafate Ribeiro Investigadora-coordenadora no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. É desde 2007 coordenadora, com Roberto Vecchi da Cátedra Camões-UNIBO Eduardo Lourenço. Participou com Roberto Vecchi e Mónica V. Silva na organização do volume Papéis da Prisão. Apontamentos, Diário, Correspondência (1962-1971), Caminho, 2015. 

Nuno Simão Gonçalves Arquiteto e doutorando em Patrimónios de Influência Portuguesa, Centro de Estudos Sociais e Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra. Tem em curso uma tese de doutoramento sobre a evolução urbana da capital de Moçambique (1892-1992). É o responsável técnico do acervo digital Papéis da Prisão de José Luandino Vieira, com Helena Rebelo.

Roberto Vecchi Professor catedrático de Literatura Portuguesa e Brasileira e de História da cultura portuguesa na Universidade de Bolonha. É desde 2007 coordenador, com Margarida Calafate Ribeiro, da Cátedra Camões-UNIBO Eduardo Lourenço. Participou com Margarida Calafate Ribeiro e Mónica V. Silva na organização do volume Papéis da Prisão. Apontamentos, Diário, Correspondência (1962-1971), Caminho, 2015. 

Sandra Inês Cruz Jornalista, mestre em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e doutoranda em Pós-Colonialismos e Cidadania Global no Centro de Estudos Sociais e Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Tem em curso uma tese de doutoramento sobre o Tarrafal enquanto lugar de silenciamento.

 

Arquivo Digital

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