Amadeo de Souza Cardoso, Sonia e Robert Delaunay: Correspondência

Após a grande retrospetiva de Amadeo de Souza-Cardoso no Grand Palais, o artista volta a estar em destaque numa exposição em Paris.
02 abr 2024

A relação de cumplicidade artística entre Amadeo de Souza-Cardoso e o casal Sonia e Robert Delaunay, três grandes figuras da modernidade europeia, é o tema central da exposição que pode ser vista em Paris, no Centre Pompidou, até dia 9 de setembro.

Com curadoria de Helena de Freitas (CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian) e de Angela Lampe e Sophie Goetzmann (Centre Pompidou), a exposição reúne 30 obras dos três artistas, das coleções das duas instituições.

A fecunda relação entre os artistas iniciou-se em 1912, quando Sonia e Robert Delaunay foram surpreendidos na sua casa, em Paris, pelo jovem  Amadeo que lhes bateu à porta, apresentando-se: “sou o pintor português Amadeo de Souza-Cardoso”. Este encontro marcou o início de uma longa relação de cumplicidade artística, que se expandiu no tempo e na geografia.

Os laços entre Amadeo e os Delaunay reforçaram-se entre 1915 e 1917 quando o casal, refugiado da Grande Guerra, se instalou em Vila do Conde, numa altura em que Amadeo de Souza-Cardoso e outros elementos do chamado grupo Futurista português se encontravam em Portugal.

Muitos projetos nasceram desta convergência geográfica em torno de experiências plásticas que, de diferentes modos, aprofundavam o movimento simultaneísta, desenvolvido pelo casal Delaunay com o objetivo de lançar exposições itinerantes na Europa (expositions mouvantes). Estas foram as primeiras ações artísticas de resistência à centralidade de Paris e de ensaio de outros modos de fazer e de circular experiências plásticas em torno da luz e da cor, no contexto das vanguardas de rutura do início do século XX.

O Centre Pompidou integra na sua coleção obras de Sonia e Robert Delaunay que resultam de uma doação de Sonia e do seu filho Charles, em 1964, e é também detentor de uma pintura de Amadeo de Souza-Cardoso, intitulada Cavaleiros (Cavaliers), de 1913, que estará exposta. Além desta obra, o Centre Pompidou dará a ver 11 telas de Sonia e Robert Delaunay da sua coleção. O CAM faz viajar para Paris 17 trabalhos de Amadeo e um de Robert Delaunay.

O catálogo que acompanha a exposição inclui a reprodução da correspondência trocada entre os artistas, pela primeira vez traduzida para português. O tom da correspondência está relacionado com as contingências da guerra e com alguns desencontros trazidos pelo acaso, mas também com a absoluta resistência de Amadeo na aceitação de um espírito de grupo e de escola. A leitura desta correspondência, em diálogo com as obras expostas, perspetiva novas possibilidades interpretativas, principalmente sobre o tempo em que Sonia e Robert viveram em Vila do Conde.

O catálogo analisa ainda esta relação triangular, através de uma conversa entre Helena de Freitas e Angela Lampe sobre o sentido estratégico e a oportunidade deste formato de exposição; um ensaio da curadora do CAM Ana Vasconcelos, que volta a abordar este tema depois do sucesso da exposição O Círculo Delaunay (CAM, 2015); um ensaio da investigadora Marta Soares que se debruça sobre a teoria do animismo na obra de Amadeo; e um texto de Sophie Goetzmann dedicado ao estudo da correspondência trocada entre estes artistas e amigos.

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