Genética ou ambiente social: quem ganha na influência de comportamentos?

Estudo analisou os comportamentos associados à oxitocina, uma das conhecidas “hormonas da felicidade”, e mostrou que estes podem ser revertidos no indivíduo consoante o grupo social com que interage.
23 set 2020

Equipa de investigadores descobriu que o ambiente social em que o indivíduo se desenvolve pode reverter efeitos genéticos do seu comportamento, um dado particularmente importante quando as experiências recorrerem a animais geneticamente modificados. O estudo publicado na revista ELife analisou os comportamentos associados à oxitocina, uma das conhecidas “hormonas da felicidade”, e mostrou que estes podem ser revertidos no indivíduo, com ou sem oxitocina, consoante o grupo social com que interage.

As interações entre indivíduos da mesma espécie moldam muitos aspetos da sua biologia, incluindo o seu comportamento social. Os efeitos sociais genéticos ocorrem quando o fenótipo de um indivíduo, definido como as suas características observáveis, é afetado pelas características genéticas dos outros indivíduos da sua espécie. A equipa de investigação liderada por Rui Oliveira estudou o papel da oxitocina, uma molécula com um papel importante na regulação do vínculo social. Usando o peixe-zebra (Danio rerio) como organismo modelo, os investigadores procuraram perceber a forma como os efeitos sociais genéticos afetam a interação entre o indivíduo e o seu ambiente social ou, neste caso, o seu cardume. Para tal, usaram dois tipos de peixe-zebra: uns semelhantes aos encontrados na natureza e outros nos quais o gene da oxitocina foi removido, deixando de estar funcional.

Os resultados do estudo mostram que tanto a preferência como a integração e a influência sociais mudam dependendo da presença ou ausência da oxitocina no cardume. Contrariamente, a genética do indivíduo é o que determina se este consegue criar memórias e por isso discriminar entre cardumes diferentes. “As diferenças genéticas do grupo social interagem com as do indivíduo durante a aquisição de comportamentos sociais e durante o seu desenvolvimento, podendo em alguns casos reverter características comportamentais associadas à oxitocina”, explica Rui Oliveira.

Estes resultados têm especial interesse quando se desenham modelos experimentais com edição de genes. “Os nossos resultados realçam a necessidade de maior cuidado no desenho e interpretação de estudos que usam organismos geneticamente modificados, já que as diferenças comportamentais observadas podem ser consequência de efeitos sociais genéticos e não da edição genética em estudo”, acrescenta Rui Oliveira.

 

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