Uma Obra em Foco. As 53 Estações do Tokaido

Iniciativa «Uma Obra de Arte em Foco»

Com o intuito de destacar e dar a conhecer novas obras de arte ao público, o Museu Calouste Gulbenkian decidiu implementar uma iniciativa denominada «Uma Obra de Arte em Foco», que, tal como está implícito no título, focava uma peça ou um conjunto de peças que, por razões várias, não foram incluídas na mostra permanente inicial do Museu.
The Calouste Gulbenkian Museum launched the “A Work in Focus” initiative in order to showcase and introduce lesser-known artworks to the public. As the name suggests, the initiative focused on an artwork or a collection of works which, for whatever reason, had not been included in the museum’s original permanent display.

A iniciativa denominada «Uma Obra em Foco», como o título sugere, põe em destaque uma peça ou um conjunto de peças da Coleção que, por razões de ordem diversa, não foram incluídas na mostra permanente do Museu Calouste Gulbenkian (MCG).

Em 2008, a «obra em foco» era a série de gravuras intitulada Estações do Tokaido. Nela se reuniram 55 gravuras, editadas em 1845, escolhidas de um conjunto de 200 estampas japonesas dos séculos XVIII e XIX pertencentes à coleção privada de Calouste Gulbenkian, as quais, por razões de conservação, se encontravam habitualmente depositadas nas reservas do Museu. Estiveram expostas na Galeria da Exposição Permanente do MCG, na passagem entre a Arte Oriental e a Arte Europeia, entre 25 de novembro de 2008 e 31 de maio de 2009.

As estampas japonesas, conhecidas como as «imagens do mundo efémero» (ukiyo-e), foram extremamente populares no Japão durante o período Edo (1615-1868). Refletindo as atividades quotidianas de várias classes sociais, representam temas como passatempos, a beleza feminina, retratos ou paisagens, pelo que contribuem como «fonte inesgotável para o estudo da sociedade da época» (Uma Obra em Foco. As 53 Estações do Tokaido [folheto], 2008).

O Tokaido (que se pode traduzir como «o caminho do mar do Oriente») foi a principal via terrestre do Japão feudal, fazendo o trajeto entre a antiga capital imperial, Quioto, e Edo (hoje Tóquio). «As 53 Estações do Tokaido» (não contando com a do início e do término) foram criadas no século XVII por Ieyasu Tokugawa, membro da nobreza militar que, após ter conseguido a pacificação do Japão, decidiu criar um sistema organizativo que delimitasse os vários territórios e, consequentemente, os poderes associados aos senhores feudais. Estas estações eram, de acordo com Maria Queiroz Ribeiro, conservadora do MCG e comissária da mostra, «estações de muda de cavalos, para viagens de longa distância, que existiam a intervalos regulares ao longo das estradas, com estalagens, casas de chá e estábulos, para apoio aos viajantes» (Ibid.).

A série apresentada foi assinada por três grandes mestres da época: Utagawa Hiroshige (1797-1858), Utagawa Kuniyoshi (1798-1861) e Utagawa Kunisada (1786-1865), também conhecido como Utagawa Toyokuni III.

O caminho do Tokaido foi imortalizado pela reprodução das 55 gravuras de Utagawa Hiroshige, «um dos maiores mestres da arte da estampa japonesa», que, em 1832, viajou ao longo de todo o percurso, recorrendo ao seu caderno de esboços para captar as várias paisagens durante a viagem de ida e volta para Edo. Hiroshige ficou ainda conhecido pelo seu «domínio perfeito da cor» e por conseguir «uma atmosfera poética inconfundível» (Ibid.).

Utagawa Kuniyoshi «notabilizou-se pelas suas estampas com representações de guerreiros, cenas de acontecimentos e figuras históricas e ilustração de lendas», enquanto Utagawa Kunisada, discípulo de Toyokuni, permaneceu na memória como «o mais conhecido artista de estampas do seu tempo», tendo sido o primeiro a chamar a atenção do mundo ocidental.

Apresentadas em grupos rotativos de 18 estampas cada, por razões de conservação, o visitante tinha, no entanto, a oportunidade de ver a totalidade da série através de um suporte eletrónico existente na Galeria da Exposição Permanente do MCG, que podemos observar nas fotografias disponíveis no Arquivo Digital da FCG.

A exposição foi acompanhada pela publicação de um folheto (editado em português e inglês) da autoria de Maria Queiroz Ribeiro, abordando os aspetos mais significativos da história do Tokaido e da série de estampas japonesas patentes.

A inauguração da exposição contou com a presença da comissária, Maria Queiroz Ribeiro, do presidente da FCG, Emílio Rui Vilar, e do embaixador do Japão em Portugal, Miwa Akira.

 

Joana Atalaia, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

As Estações do Tokaido

KUNIYOSHI, Igusa

As Estações do Tokaido, Inv. 2437


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Emílio Rui Vilar (à dir.)
Emílio Rui Vilar (ao centro)
Emílio Rui Vilar (à dir.)
João Castel-Branco Pereira (à dir.)
Maria Queiroz Ribeiro
Emílio Rui Vilar, Maria Queiroz Ribeiro, João Castel-Branco Pereira (da esq. para dir.)
Maria Queiroz Ribeiro

Documentação


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03562

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém folheto, documentos de investigação, tabelas de obras, fotografias das peças selecionadas e planta da sala de exposições. 2008 – 2008

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 22042

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2008

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 21715

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 2008

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 21710

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2008


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