Estudo de efetividade da vacina contra SARS-CoV-2 em profissionais de saúde
Os dados referentes aos primeiros 1000 profissionais de saúde, vacinados em dezembro de 2020, revelam que 90% desenvolveu anticorpos logo nas três semanas seguintes à administração da primeira dose. Estudo, conduzido pelo Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e pelo Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, E.P.E. (CHLO), pretende avaliar a efetividade da vacina e a resposta a diferentes variantes, num universo de 1200 profissionais de saúde, vacinados com a primeira vacina disponível a nível nacional. Esta recolha de dados tem sido recomendada pela Organização Mundial da Saúde para acompanhamento da introdução da nova vacina a nível internacional.
Os desafios colocados pelo novo vírus SARS-CoV-2 tem potenciado unir esforços para encontrar mecanismos de contenção e prevenção da doença. A aprovação das diferentes vacinas pelas autoridades competentes e o início da campanha de vacinação representou um importante marco para o controlo da epidemia. Contudo, a monitorização da efetividade e impacto da vacina é determinante para conhecer os efeitos imediatos e a longo prazo, pois muitas perguntas ficaram por responder nos ensaios clínicos.
O Instituto Gulbenkian de Ciência e o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, E.P.E. têm vindo a desenvolver um conjunto de projetos de vigilância do vírus SARS-CoV-2 em profissionais de saúde, desde a primavera de 2020, onde se insere o estudo de efetividade da vacina (conduzido em médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos de diagnóstico e terapêutica). Os primeiros resultados deste estudo, após administração da vacina da Pfizer/BioNTech, revelam que 90% destes profissionais de saúde já demonstram uma resposta imunitária à vacina. Todos os participantes foram testados para a presença de anticorpos dirigidos ao vírus antes da toma da vacina e três semanas após a administração da primeira dose. Numa segunda fase, os mesmos profissionais serão testados três semanas após a toma da segunda dose. A duração da resposta imunitária será acompanhada em fases seguintes agendadas ao longo do ano. Ao longo do processo os participantes respondem a um questionário para registo de sintomas para aferição da sua proteção contra a COVID19.
“É necessária a monitorização da aplicação da vacina, em diferentes contextos e diferentes populações, para garantir aquilo a que os cientistas chamam de “evidência no mundo real”. Só assim podemos aferir dados sobre a sua efetividade na proteção da infeção e da doença” afirma Carlos Penha-Gonçalves, investigador da Gulbenkian envolvido na implementação do estudo. Jocelyne Demengeot, também investigadora da Gulbenkian, garante que “os dados que obtivemos comprovam que a vacina está a cumprir o seu primeiro objetivo: estimular o sistema imunitário resultando no desenvolvimento de anticorpos específico do vírus.” A monitorização destas respostas imunitárias incluirá a capacidade de neutralizar diferentes variantes do vírus. Na ótica hospitalar, Rita Perez, Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, E.P.E. reforça que “as vacinas são seguras e a adesão tem sido extraordinária. Importa acompanhar a sua introdução para garantir que cumpre o seu objetivo de proteção dos que estão na linha da frente e que é um forte mecanismo de contenção da pandemia”.
A Gulbenkian pretende, ainda, alargar este estudo monitorizando outras faixas etárias da população, e diferentes vacinas quando disponíveis a nível nacional, em parceria com outros hospitais e autarquias. O conjunto de dados recolhidos serão partilhados com o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge que agilizará, com as Agências Europeias (ECDC), a monitorização nacional alargada o que permitirá fornecer informação para possíveis atualizações das recomendações de políticas globais.
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