Espelhos do Paraíso. Tapetes do Mundo Islâmico, Séc. XV – XX

50.º Aniversário da Morte de Calouste Gulbenkian

Exposição organizada em parceria entre o Institut du Monde Arabe, de Paris, e a Fundação Calouste Gulbenkian. Integrada nas comemorações do 50.º aniversário da morte de Calouste Gulbenkian, a mostra reuniu um conjunto de 56 tapeçarias islâmicas, provenientes das mais importantes coleções públicas a nível mundial.
Exhibition organised in a partnership between the Institut du Monde Arabe, in Paris, and the Calouste Gulbenkian Foundation. Included in the commemorations of the 50th anniversary of Calouste Gulbenkian’s death, the show brought together a selection of 56 Islamic tapestries from the world’s most significant public collections.

A exposição «Espelhos do Paraíso. Tapetes do Mundo Islâmico, Séc. XV-XX» decorreu de uma parceria entre o Institut du Monde Arabe (IMA), de Paris, e a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). Reuniu cerca de 56 tapeçarias islâmicas oriundas do Magrebe, do Egito mameluco, da Pérsia safávida, da Turquia otomana e da Ásia Central. As peças foram cedidas por importantes coleções públicas a nível mundial, entre elas as do Museu de Arte Islâmica (Berlim), The Metropolitan Museum (Nova Iorque), Victoria & Albert Museum (Londres) e Musée des Arts Décoratifs (Paris). Contou igualmente com a apresentação de um conjunto de tapeçarias pertencentes à Coleção Gulbenkian, dando réplica do fascínio do empresário arménio por esta expressão artística. Incluída nas comemorações do cinquentenário da morte de Calouste Gulbenkian, a mostra não deixaria de homenagear o colecionador «que sempre tanto interesse demonstrou pelos tapetes do Oriente», contribuindo para o «conhecimento dessa produção artística tão característica da cultura islâmica e relativamente pouco divulgada entre nós» (Comunicado de imprensa, 5 jan. 2005, Arquivos Gulbenkian, MCG 03324).

À imprensa, Maria Fernanda Passos Leite, responsável pela coleção de têxteis da Coleção Gulbenkian, refere que esta foi «a primeira vez que, em Portugal, é organizada uma exposição com um conjunto tão representativo de tapetes orientais oriundos de algumas das mais prestigiadas colecções públicas do Mundo» («Devoção e tradição», Correio da Manhã, 15 jun. 2005). Passos Leite relembrou também como as tapeçarias têm feito parte do dia-a-dia de várias classes sociais, ao frisar que «o tapete é o local de devoção dos muçulmanos. Faz parte da vida tanto das pessoas ricas como dos nómadas», além de que «dá solenidade aos espaços e faz parte integrante dos palácios e das tendas» (Ibid.).

As tapeçarias que foram apresentadas percorrem vários cânones decorativos de diversas civilizações do mundo islâmico. Segundo a conservadora, citada no artigo já referido, «existem três características comuns nos tapetes: os motivos geométricos, os geométricos/florais e o medalhão central», esclarecendo-se que «o tapete turco é mais geométrico, enquanto o persa apresenta uma decoração mais floral» (Ibid.). Ambas as tradições terão sido apreciadas no Ocidente desde cedo e «a partir do século XV, os artistas ocidentais utilizaram o tapete oriental nas suas pinturas, o que demonstra, na opinião da especialista, “o quão era apreciado este artefacto e o fascínio que detinha”» (Ibid.).

Patente primeiro em Paris e depois em Lisboa, esta exposição surgiu de um projeto organizado pelo IMA, que pretendia apresentar ao espectador a importância e os princípios da arte da tapeçaria. De acordo com um ofício enviado pelo diretor do Departamento de Museu e Exposições do IMA, Brahim Alaoui, ao diretor do Museu Calouste Gulbenkian (MCG), o principal objetivo da exposição a realizar seria o de demonstrar como o tapete «a fait l'objet d'un développement stylistique continu entre le XVe et le XVIIIe siècle» (Carta de Brahim Alaoui para João Castel-Branco Pereira, 29 set. 2002, Arquivos Gulbenkian, MCG 03324).

Anteriormente, em 2001, o Museu Calouste Gulbenkian é contactado por Brahim Alaoui com o intuito de saber se a FCG poderia ceder três tapeçarias da sua coleção para figurarem numa exposição organizada pelo IMA, «Le Ciel dans un Tapis». Mais tarde, a FCG foi novamente contactada pela instituição francesa para colaborar na organização da referida mostra, mais precisamente na montagem, no transporte das obras e na publicação do respetivo catálogo (Carta de Brahim Alaoui para João Castel-Branco Pereira, 29 set. 2002, Arquivos Gulbenkian, MCG 03324).

Em meados de 2002, o MCG já se encontrava em conversações com o IMA, confirmando que teria todo o gosto em receber nas suas instalações em Lisboa a exposição dedicada à tapeçaria islâmica, com a condição de a conseguir integrar nas comemorações do cinquentenário da morte de Calouste Gulbenkian como uma oportunidade para divulgar o gosto do colecionador pela arte islâmica (Carta de João Castel-Branco Pereira para Brahim Alaoui, 28 nov. 2002, Arquivos Gulbenkian, MCG 03324).

Com o nome «Le Ciel dans un Tapis», a exposição foi apresentada na Sala de Exposições Temporárias do IMA, em Paris, entre 7 de dezembro de 2004 e 27 de março de 2005. Posteriormente, viajou para Lisboa, onde esteve patente na Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 0) entre 5 de maio e 31 de julho de 2005, com o título «Espelhos do Paraíso. Tapetes do Mundo Islâmico, Séc. XV-XX». A parceria entre o IMA e a FCG foi, na opinião de Brahim Alaoui, bastante vantajosa por ter conseguido partilhar alguns dos custos associados, mas, principalmente, por ter garantido «une plus grande visibilité de l'exposition» (Carta de Brahim Alaoui para João Castel-Branco Pereira, 9 jul. 2003, Arquivos Gulbenkian, MCG 03324).

«Le Ciel dans un Tapis», em Paris, e «Espelhos do Paraíso. Tapetes do Mundo Islâmico, Séc. XV-XX», em Lisboa, contaram ambas com o comissariado de dois especialistas na matéria, Joëlle Lemaistre e Roland Gilles, respetivamente a consultora e o gestor da coleção e das exposições do IMA, e que tinham levado a cabo, em 1989, a exposição «Tapis. Présent de l'Orient à l'Occident», igualmente organizada pela instituição francesa em Paris.

Para acompanhar a mostra, tanto em Paris como em Lisboa, foi publicado um catálogo (coeditado pelo IMA e pela FCG), contando com prefácios redigidos pelo presidente do IMA, Yves Guéna, pelo diretor-geral do IMA, Nasser El Ansary, e pelo presidente da FCG, Emílio Rui Vilar. A obra reúne textos dos comissários da exposição, Roland Gilles e Joëlle Lemaistre, bem como ensaios de diversos especialistas, entre eles Friedrich Spuhler, antigo curador do Museu de Arte Islâmica de Berlim e autor de numerosas obras sobre tapeçaria islâmica.

O catálogo inclui ainda uma parte dedicada à conservação, assinada por Carole Chiron, da Chevalier Conservation, uma empresa especializada na limpeza de tapeçarias, situada em Colombes, França. Nessa secção, são referidos os aspetos mais importantes das várias etapas inerentes à manutenção deste tipo obras e o porquê de serem tão fundamentais para evitar a sua deterioração.

Em Lisboa, a exposição foi complementada pela realização de visitas guiadas, coordenadas por Maria Deolinda Cerqueira, e também orientadas por Isabel Maria Oliveira Silva e Maria do Rosário Azevedo, colaboradoras do serviço educativo do Museu Calouste Gulbenkian.

Paralelamente à exposição «Espelhos do Paraíso», o MCG apresentou à parte um tapete indiano pertencente à sua coleção (Inv. T72). A obra integrava assim a iniciativa «Uma Obra em Foco», ciclo que mostrava ao público peças que, por razões várias, se encontravam em reserva. Neste caso específico, pretendeu proporcionar ao espectador uma oportunidade de ver uma tapeçaria proveniente de uma área geográfica não representada na mostra.

Joana Atalaia, 2019


Ficha Técnica


Coleção Gulbenkian

Tapete de oração

amal medâdj.n

Tapete de oração, Inv. T92

Desconhecido

Inv. T97

Desconhecido

Meados do séc. XVI / Inv. T100

Desconhecido

Séc. XVII / Inv. T102

Tapete com decoração de caixotões múltiplos

Desconhecido

Tapete com decoração de caixotões múltiplos, Inv. T93

Tapete com folhas foiciformes

Desconhecido

Tapete com folhas foiciformes, séculos XVI-XVII / Inv. T66


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Espelhos do Paraíso. Tapetes do Mundo Islâmico, Séc. XV – XX]

6 mai 2005 – 31 jul 2005
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Galeria Principal / Galeria Exposições Temporárias (piso 0)
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Conferência de imprensa. Maria Fernanda Passos Leite e João Castel-Branco Pereira
Conferência de imprensa. Maria Fernanda Passos Leite
Conferência de imprensa
Isabel Mota e Isabel Alçada
Emílio Rui Vilar (ao centro)
Elísio Summavielle, Eduardo Lourenço, Isabel Alçada, Emílio Rui Vilar, Maria Fernanda Passos Leite e João Castel-Branco Pereira
Eduardo Lourenço, Isabel Alçada, Maria Fernanda Passos Leite e João Castel-Branco Pereira
Emílio Rui Vilar, Isabel Alçada e Maria Fernanda Passos Leite
Teresa Gouveia (à esq.)
Manuel Costa Cabral, Jorge Molder e Nuno Vassallo e Silva (da esq. para dir.)
João Castel-Branco Pereira, Elísio Summavielle e Emílio Rui Vilar (da esq. para a dir.)
Mariano PIçarra, Maria Fernanda Passos Leite e Emílio Rui Vilar
Emílio Rui Vilar (esq.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / PRES 02203

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém texto de Emílio Rui Vilar para a abertura do catálogo da exposição, convite e lista de convidados para a inauguração. 2004 – 2004

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03324

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, pedidos de empréstimos de peças, textos para o catálogo, convites e recortes de imprensa. 2001 – 2005


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