Exposição integrada nas iniciativas de homenagem a Calouste Sarkis Gulbenkian (1869-1955), no 30.º aniversário da sua morte, em 20 de julho de 1985, evocando o seu património artístico e mostrando ao público obras habitualmente mantidas nas Reservas do Museu.

«Desenho, Gravura, Estampas e Arte do Livro» constituiu um dos núcleos da exposição «Um Olhar sobre as Reservas», de que também fez parte o núcleo «Tapetes Orientais». Inaugurada em 1985, ambas as mostras tiveram vida autónoma, contando com publicações próprias.

Esta exposição, que representou o Fundador como colecionador criterioso e detentor de um vasto património artístico, teve lugar na Galeria de Exposições Temporárias do Museu. Estando o seu encerramento inicialmente previsto para maio de 1986, acabaria por se prolongar até ao início de julho e dar lugar a uma outra exposição, intitulada «Um Outro Olhar sobre as Reservas», inaugurada a 20 de julho de 1986, a qual deu continuidade aos objetivos da exposição anterior, substituindo as peças expostas por outras pertencentes às Reservas do Museu Calouste Gulbenkian.

De acordo com o texto de introdução do catálogo, assinado pela diretora do Museu Calouste Gulbenkian, Maria Teresa Gomes Ferreira, pretendeu-se que os dois núcleos da exposição – «Desenhos, Gravuras, Estampas e Arte do Livro» e «Tapetes Orientais» – se oferecessem como uma «extensão das obras presentes nas Galerias de Exposição Permanente» (Um Olhar sobre as Reservas. A Colecção Calouste Gulbenkian, 1985).

Na primeira mostra estiveram patentes iluminuras orientais e europeias, livros dos séculos XVIII e XIX-XX e estampas japonesas. No âmbito da exposição «Um Olhar sobre as Reservas», saíram a lume três publicações: um roteiro relacionado com o núcleo de «Desenhos, Gravuras, Estampas e Arte do Livro», um guião associado ao núcleo de «Tapetes Orientais» e, finalmente, um catálogo, de dimensões superiores a estes dois, que contém a biografia de cada artista representado e estabelece a relação entre as peças do núcleo «Desenhos, Gravuras, Estampas e Arte do Livro» e a sua reprodução, a cores e a preto-e-branco. De todas estas publicações, consta o já citado texto de introdução assinado por Maria Teresa Gomes Ferreira.

Devido às características peculiares da exposição, as conservadoras do Museu exigiram condições especiais de segurança (adequadas à natureza das obras expostas) e de fácil manuseamento para limpeza e conservação dos objetos expostos. Foi igualmente necessário efetuar algumas alterações na estrutura da Galeria de Exposições Temporárias da FCG (piso 01), como o rebaixamento do teto ao nível das vigas. Segundo a documentação consultada, tais alterações foram de caráter definitivo, e os materiais de montagem foram reutilizados noutras exposições.

Esta exposição resultou de uma colaboração entre o Serviço de Exposições e Museografia e o Serviço de Museu. Para cada secção existem notas sobre a museografia das obras e sobre o próprio percurso: o circuito, pontuado por assentos, iniciava-se com o núcleo das iluminuras, seguindo-se a secção de desenho, gravuras e livros do século XVIII, finalizando com as estampas japonesas, os livros do século XIX/XX e os desenhos e joias de René Lalique.

No espaço expositivo foram introduzidos dois projetores para slides, procurando-se que não interferissem com a fruição das obras, bem como caixas com folhetos explicativos. O sistema de tabelas foi pensado de forma a ser legível, mas sem se impor às obras.

A documentação de arquivo reúne alguns artigos veiculados pela imprensa escrita nacional, nomeadamente no jornal Expresso: «Título feliz para uma exposição assaz feliz, porquanto um apurado saber museológico proporciona estimulantes percursos de leitura entre peças de natureza diversa e de tempos e geografias culturais distantes. A errância e o desarrazoado das modulações ondulantes da linha curva pode ser o diversificado e fascinante itinerário que aqui se oferece, entre tapetes orientais dos séculos XVII a XIX, iluminuras europeias e árabes de Quatrocentos, diademas, pendentes, peitorais e pentes art nouveau de Lalique, estampas japonesas de XVII a XIX, ilustrações de livros de XIX a XX.» («Um olhar sobre as reservas. Fundação Gulbenkian», Expresso, 10 ago. 1985)

Entre novembro de 1985 e fevereiro de 1986, foram realizadas diversas visitas comentadas à exposição, conduzidas pelo escultor Lagoa Henriques, complementadas por uma projeção de slides na Sala de Conferências do Museu.

A exposição registou 17 063 visitas ao longo dos cerca de doze meses em que permaneceu na Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian.

Carolina Gouveia Matias, 2017