Exposição integrada nas comemorações do 20.º aniversário da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e organizada conjuntamente entre o Serviço de Museu e o Serviço de Exposições e Museografia da FCG. Para a celebração da data foi apresentada esta exposição dedicada à arte do livro, em complementaridade com outras duas, mostradas separadamente e com publicações autónomas: uma dedicada à coleção de artes plásticas e decorativas reunidas por Calouste Gulbenkian na sua residência em Paris, e outra referente à coleção de numismática grega do Fundador.

O intuito desta exposição, tal como o das outras duas secções, consistia em revelar os aspetos menos conhecidos da Coleção, lançando um olhar pelas reservas, para dar a ver mais de perto o colecionismo de Calouste Gulbenkian e a dimensão do seu legado ao país.

Dedicada, como o título indica, à arte do livro francês no período entre os séculos XIX e XX, a mostra correspondeu à apresentação de um conjunto de 64 exemplares que contemplavam a arte da gravura, da ilustração e da encadernação. Deste modo, a exposição tinha como objetivo mostrar um dos «sectores mais representativos da Colecção Calouste Gulbenkian»: a sua Biblioteca de Arte, na qual se destacavam, pela qualidade e raridade, alguns manuscritos e exemplares impressos, que procuravam chamar a atenção do público para «uma actividade artística tão pouco cultivada entre nós», a arte do livro (A Arte do Livro Francês dos Séculos XIX e XX, 1976).

Alguns destes exemplares eram pouco conhecidos pelos visitantes do Museu, uma vez que, por medidas ligadas à conservação das obras, estas se encontravam nas reservas do Museu Gulbenkian, vindo a público segundo critérios de rotatividade, que se prendiam com a apresentação de exposições temporárias, como era o caso desta.

A escolha do período em revista justificava-se pelo desenvolvimento e revolução de alguns processos de reprodutibilidade gráfica e aperfeiçoamento técnico especialmente expressivos durante este intervalo temporal, nomeadamente no suporte da litografia e nos mecanismos de encadernação. Entre os exemplares dignos de destaque constavam Les Fleurs du Mal (1900), de Charles Baudelaire (1821-1867), com ilustrações de Carlos Schwabe (1866-1926) e encadernação de Ch. Meunier, Cours de Danse Fin de Siècle (1892), com ilustrações de Louis Legrand (1863-1951) e encadernação de Georges Canape (1864-1940), ou ainda, entre outros, Les Chouans (1889), de Honoré de Balzac (1799-1850), com ilustrações de Julien Le Blant (1851-1936), gravadas em madeira por Léveillé e encadernado por de Ch. Meunier.

Filipa Coimbra, 2016