Tornar o invisível visível

Uma revolução na microscopia para ajudar a compreender a biologia
13 nov 2023

Uma inovação marcante na área da microscopia foi alcançada pelos investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência, através do desenvolvimento do eSRRF (enhanced Super-Resolution Radial Fluctuations). Este avanço, agora publicado na revista Nature Methods, expande significativamente o entendimento dos sistemas biológicos, permitindo a visualização de células vivas com uma nitidez e exatidão sem precedentes.

Imagine-se um microscópio que amplia e realça os mínimos detalhes, revelando um mundo além dos limites da resolução convencional. É exatamente isso que o eSRRF traz para a vanguarda científica: uma varinha mágica de super-resolução para microscópios. Baseado no sucesso do método SRRF, o eSRRF mais do que uma evolução é uma revolução. Leva a imagem microscópica ao próximo nível, proporcionando maior fidelidade às estruturas e resoluções subjacentes. O eSRRF é brilhante, com otimização automatizada de parâmetros baseada em dados. Permite determinar o número ideal de quadros necessários para a reconstrução, proporcionando aos cientistas uma experiência de imagem eficiente e descomplicada.

Além disso, o eSRRF transcende dimensões ao associar-se à microscopia multifocal, liderando na era da super-resolução 3D. Imagine capturar instantaneamente observações volumétricas de células vivas a uma velocidade de aproximadamente um volume por segundo. Foi isso que a equipa do IGC desenvolveu.

Imagens de super-resolução de células vivas 3D com eSRRF: A dinâmica das mitocôndrias observada em células U2OS expressando TOM20-Halo, carregadas com o marcador fluorescente JF54, com um microscópio multifoco. Itso permite uma visão volumétrica super-resolvida numa celúla viva.

Considerando a acessibilidade e a usabilidade da investigação, o eSRRF foi projetado para ser de fácil uso, integrando-se perfeitamente com várias técnicas de microscopia e sistemas biológicos, o que vai permitir aos investigadores explorar a área de microscópia sem barreiras tecnológicas.

Hannah Heil, a primeira autora do artigo, explica que “o eSRRF abre novas possibilidades em imagens de células vivas. Não se trata apenas de melhorar a resolução da imagem, com o eSRRF capacitamos os investigadores a otimizar os resultados com base em medidas quantitativas de qualidade de imagem. O método que desenvolvemos disponibiliza uma ferramenta dinâmica que se adapta às necessidades dos investigadores, tornando visível o invisível.”

Ricardo Henriques, líder do grupo de investigação em Ótica e Biologia Celular do IGC, revela que este novo método “é uma janela para o futuro da investigação científica. A eSRRF pode potencialmente revolucionar vários campos, da biologia à medicina, abrindo caminho para descobertas que antes estavam fora do nosso alcance visual”.

A Fundação Calouste Gulbenkian, o European Research Council, a European Commission, a European Molecular Biology Organization, o Wellcome Trust, a Fundação para a Ciência e Tecnologia, e a Chan Zuckerberg Initiative apoiaram o desenvolvimento deste projeto. 

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