Resistência a antibióticos: o que nos reserva o futuro?

Médicos e investigadores debateram soluções para enfrentar uma das maiores ameaças à humanidade
20 mar 2023

 

A resistência a antibióticos é uma das maiores ameaças que se apresenta à espécie humana. Sem antibióticos eficazes, as mais simples infeções podem vir a pôr a nossa vida em risco. A dificuldade em tratar doenças infeciosas comuns, como as infeções urinárias ou a pneumonia, é já uma realidade. Doenças mais graves, como a sépsis ou a tuberculose, também se estão a tornar cada vez mais difíceis de tratar dada a resistência aos antibióticos.

Dados recentes da OMS indicam que a resistência aos antibióticos mata cerca de 700 mil pessoas por ano em todo o mundo e, se nada for feito para reverter o panorama atual, este número poderá mesmo aumentar para 10 milhões, o equivalente à população portuguesa daqui a 30 anos.

A urgência para encontrar soluções inovadoras que travem esta epidemia silenciosa e o que está a ser feito na área da investigação e da clínica juntou a Gulbenkian e a CUF para debater esta temática. A sessão, que decorreu no dia 17 de março, no Auditório da CUF Tejo, reuniu vários peritos nacionais e internacionais. 

Há vários anos que os investigadores da Gulbenkian estudam como as bactérias se adaptam aos desafios que se lhes impõem, como os antibióticos. Isabel Gordo, que lidera o grupo de Biologia Evolutiva no IGC, estuda a evolução das bactérias naquele que é o órgão onde estes microrganismos existem em maioria no nosso corpo: o intestino. A microbiologista esteve presente neste encontro, onde apresentou os mais recentes avanços nesta área científica. Com os seus estudos, o grupo de Isabel Gordo tem vindo a mostrar como as bactérias evoluem a curto e a longo prazo no intestino. Ao perceber os mecanismos que estes microrganismos usam para se adaptar, estamos mais aptos a antecipar ou até a evitar a resistência aos antibióticos. Uma parte fundamental do processo: compreender para depois agir.

Artur Paiva, médico intensivista, também esteve presente na sessão para discutir as estratégias em curso em Portugal. Fernando Baquero, microbiologista, um dos convidados internacionais, apontou a necessidade de se identificarem respostas centradas na abordagem “One Health, Global Health”. Outras intervenções focaram avanços científicos e tecnológicos no desenvolvimento de vacinas e nas estratégias de controlo da infeção implementadas e monitorizadas nos hospitais.

Na perspetiva dos hospitais, um dos locais onde são imperativas as medidas de controlo e prevenção, foram partilhadas boas práticas em curso e identificadas áreas de melhoria. As novas tecnologias também são uma ferramenta crucial para fazer face aos desafios que as resistências aos antibióticos apresentam e apenas uma estratégia global e desenvolvida localmente pode combater esta epidemia silenciosa.

O futuro requer uma abordagem conjunta, multidisciplinar e com recursos para identificar soluções que contribuam para a redução da taxa de incidência dos casos de resistências antimicrobianas, a redução da prescrição médica e identificação de novas medidas para tratar as infeções.

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