Rastreios de resposta à vacina contra COVID-19 em lares

Dados de resposta imunológica em idosos e funcionários acompanhados nos últimos 6 meses
17 ago 2021

Dos 260 idosos com idades superiores a 70 anos, acompanhados desde a primeira toma da vacina contra SARS-CoV-2, 63% revelam a presença de anticorpos detetáveis 6 meses após a vacinação. A tendência de decrescimento de anticorpos começou a ser notada 3 meses após a segunda dose, em cerca de 15% nos participantes. Por outro lado, dos 160 funcionários acompanhados nos cinco lares, representativos de uma população mais jovem, 98,1% continuam a apresentar anticorpos. Os dados obtidos ao fim de 6 meses, referentes à vacina da Pfizer/BioNTech, confirmam que, à semelhança do que acontece com outras vacinas, a diminuição dos anticorpos gerados pela vacinação é mais rápida na população mais idosa.

A condução de rastreios é um instrumento imprescindível para garantir o acompanhamento da evolução da resposta vacinal e obter dados para apoiar as decisões sobre a possível revacinação e vacinas a utilizar. O estudo em idosos é particularmente crítico por ser uma população mais frágil e por apresentar maior risco de contrair a doença.

Na primeira fase do rastreio, promovido pelo Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), mediu-se a efetividade da vacina, na indução da resposta imunológica, e analisaram-se os níveis de anticorpos antes da primeira dose, três semanas depois, no momento da segunda dose da vacina e três semanas após a toma da segunda dose da vacina. Nesta fase observou-se que, após a segunda dose, a larga maioria dos residentes (94%) responderam à vacina produzindo níveis altos de anticorpos. No entanto, cerca 5% dos residentes não apresentarem resposta detetável.

Na segunda fase, avaliou-se a persistência da resposta fazendo várias colheitas ao longo do tempo. Na última colheita, cerca de 6 meses após o início da vacinação, 63% dos residentes ainda têm anticorpos detetáveis. Estes dados indicam que é importante continuar a acompanhar a evolução da queda dos anticorpos ao longo do tempo, em particular neste escalão etário. Para Carlos Penha-Gonçalves, investigador e coordenador dos rastreios no IGC, os dados obtidos são expectáveis pois “já tínhamos observado que o início da resposta imunológica à vacinação era mais lento nesta população, com apenas 33% dos residentes de lares a manifestarem presença de anticorpos após a toma da primeira dose da vacina enquanto que 84% dos funcionários tinham resposta positiva”. Para o investigador, o “decréscimo dos níveis de anticorpos vacinais com o tempo é natural e expectável e não significa ausência de proteção contra infeção”. Embora o acompanhamento desta resposta possa trazer novos dados, espera-se que as pessoas que tiveram resposta por anticorpos logo a seguir à vacinação tenham desenvolvido memória imunológica que lhes permitirá combater a infecção em subsequentes contactos com o vírus – esse é o principio da vacinação. No entanto, e enquanto houver circulação do vírus na população, como é atualmente o caso, é indispensável que se mantenham os cuidados de proteção individual mesmo após o processo de vacinação e ao longo do tempo.

Os rastreios serológicos estão a ser conduzidos ao longo de um ano em lares do concelho de Almeirim e em lares dos Serviços Sociais das Forças Armadas e incluem-se num programa de avaliação da efetividade da resposta às vacinas contra a COVID-19 que o Instituto Gulbenkian de Ciência tem vindo a promover desde o início da vacinação em Portugal, em dezembro de 2020. O programa de rastreios abrange profissionais de saúde, profissionais de educação e pessoas com doenças específicas a quem foram administradas diferentes vacinas num total de 2.844 pessoas. Os estudos INFOVAC são coordenados pelo laboratórios de Carlos Penha Gonçalves e Jocelyne Demengeot.

 

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