Declínio da atividade do timo não explica maior incidência de tumores ao longo da vida

Investigadores desvendam que interromper a função do timo, órgão responsável pela maturação de alguns tipos de glóbulos brancos, não implica um aumento na incidência de tumores.
12 mar 2021

Os novos dados publicados na revista The Journal of Immunology, e destacados na secção “Top Reads”, revelam que esta interrupção afeta a composição e função de um subtipo de células imunes, as células T reguladoras, mas não compromete a prevenção e vigilância de tumores.

O timo é um órgão localizado por cima do coração que tem um papel fundamental no sistema imunitário. É responsável pela produção de células T, um grupo de células cruciais durante a resposta imunitária e para a vigilância imune de tumores. O timo começa a desenvolver-se ainda no período fetal e atinge o seu auge na adolescência. Com o avançar da idade, regride e a composição de células T no organismo vai sendo alterada. Envelhecer também acarreta um aumento da prevalência de tumores e estudos anteriores propõem que isto se possa dever ao declínio de algumas das células produzidas no timo.

A equipa liderada pela investigadora principal do IGC Jocelyne Demengeot decidiu testar esta hipótese e compreender melhor o impacto do declínio da atividade do timo na regulação do sistema imunitário. “Propusemo-nos perceber se a interrupção da atividade do timo em adultos afeta a composição e função das células T reguladoras, importantes para modular a função das células T convencionais. Por outro lado, procurámos também saber se estas mudanças alteram a capacidade de vigilância imune de tumores no organismo”, explica Jocelyne Demengeot.

A remoção do timo em ratinhos adultos jovens mostrou afetar a composição e função das células T reguladoras. José Almeida-Santos, primeiro autor do estudo, revela que “dois meses depois da remoção do timo observámos uma diminuição no número total de células T, como seria de esperar, com populações na sua maior parte constituídas por células T ativadas. As restantes células T reguladoras são menos estáveis e mais sensíveis a perturbações.”

As células T reguladoras são um obstáculo no desenvolvimento de terapias contra alguns tipos de cancro, pois impedem a ativação das células T convencionais que atuam na destruição de células tumorais. “Olhámos para tipos diferentes de tumores, com origens e capacidades de gerar uma resposta imune diferentes, e em nenhuma das circunstâncias a remoção do timo facilitou o crescimento destes tumores. Por outro lado, em alguns dos casos, houve um aumento da eficácia das imunoterapias contra os mesmos”, relata Jocelyne Demengeot.

Este estudo vem demonstrar que a remoção do timo afeta principalmente a componente reguladora do sistema imunitário e não impede a vigilância imune dos tumores em indivíduos adultos, uma importante perspetiva para o desenvolvimento de imunoterapias baseadas nas funções das células T reguladoras.

 

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