COVID-19: saliva como amostra para diagnóstico

Crianças são principal foco de estudo em curso no IGC, em parceria com Hospital Dona Estefânia e Amadora Sintra.
11 dez 2020

A utilização de saliva como amostra preferencial no diagnóstico da SARS-CoV-2, em todas as faixas etárias, determina desenvolvimento de estudo no Instituto Gulbenkian de Ciência, em colaboração com o Hospital Dona Estefânia e o Hospital Amadora Sintra. Face aos primeiros dados revelados que se apresentam como muito promissores, o estudo pretende otimizar processos para facilitar o diagnóstico. Será uma solução menos invasiva, sobretudo para crianças, mas também contribuirá para aumentar a capacidade de testagem e reduzir os custos associados à realização da análise.

A única forma de reduzir a transmissão do vírus SARS-CoV-2 e deter a sua circulação é recorrer ao método tradicional no controlo epidemiológico: a rápida identificação de potenciais infetados, a sua rede de contactos, testagem e isolamento das mesmas. Até agora, a deteção de pessoas infetadas é realizada por amostras naso-faríngea e oro-faríngea, colhidas por zaragatoa, um método que, além de invasivo, requer uma logística complexa que envolve profissionais de saúde especializados na colheita com associado risco de exposição ao vírus.

Investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em parceria com o Hospital Dona Estefânia e o Hospital Prof. Doutor Fernando da Fonseca, EPE (Amadora Sintra) estudam a viabilidade da utilização de saliva como amostragem eficaz na deteção de pessoas infetadas com Covid-19, em adultos e crianças. Até ao momento, o método foi validado em cerca de 80 pessoas hospitalizadas onde, entre outros, se comparou a eficácia da saliva face à amostra nasofaríngea, tendo sido obtidos resultados muito promissores. Neste estudo, prevê-se testar um total de 300 pessoas, 33% das quais infetadas, de todas as faixas etárias. Segundo Mónica Bettencourt Dias, Diretora do IGC “a ciência tem um papel crucial na identificação de novas soluções para fazer face à pandemia que vivemos. O método de testagem atual é extremamente invasivo, principalmente para as crianças, envolve uma logística grande e dispendiosa e por isso é estratégico encontrar opções com claras vantagens para a população, pacientes e para o sistema nacional de saúde.”

Maria João Amorim, a investigadora principal do IGC que lidera o estudo, explica que “muitos artigos têm referido a saliva como alternativa de amostragem eficaz e, neste momento, decorrem estudos piloto no Reino Unido, Estados Unidos e Japão. Estamos a recorrer a amostras de casos positivos da doença Covid-19 e a confirmar que a saliva pode ser usada eficazmente no rastreio de SARS-CoV-2 em todas as faixas etárias, podendo aumentar a testagem e aproximarmo-nos de uma situação de autoavaliação em casa, que seria um cenário ideal para diminuir a circulação do vírus. ”

O projeto incide no estudo de amostras de adultos e crianças, mas são os mais novos que recebem maior atenção, pois esta nova alternativa de teste seria indolor e muito mais rápida. Para Maria João Brito, Médica Responsável da Unidade de Infeciologia do Hospital Dona Estefânia “a utilização de zaragatoas para o diagnóstico da infeção pelo SARS-Cov-2 é uma técnica desconfortável para a criança e adolescente e exige pessoal experiente com treino, pelo que nem sempre é fácil de realizar”.  Os resultados promissores do projeto vão permitir diminuir a logística associada à colheita, quer por reduzir o número de profissionais de saúde e equipamento de proteção pessoal, quer por eliminar a necessidade de recurso a zaragatoas.

 

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